Donald Trump prometeu, durante a campanha eleitoral de 2016, endurecer as ações do governo para com o Irã (Carlos Barria/Reuters)
Reuters
Publicado em 3 de fevereiro de 2017 às 09h54.
Última atualização em 11 de janeiro de 2018 às 15h53.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está prestes a impor novas sanções a diversas entidades do Irã com o objetivo de aumentar a pressão sobre Teerã, ao mesmo tempo em que elabora uma estratégia mais ampla para se contrapor ao que vê como um comportamento desestabilizador do regime islâmico, disseram na quinta-feira pessoas familiarizadas com o tema.
Na primeira ação tangível contra o Irã desde que Trump tomou posse em 20 de janeiro, o governo dos EUA, no mesmo dia em que seu líder insistiu que "nada está descartado", se preparou para aplicar novas medidas contra mais de duas dúzias de alvos iranianos, segundo as fontes. O anúncio pode acontecer ainda nesta sexta-feira, acrescentaram.
As novas sanções, que estão sendo adotadas segundo decretos presidenciais existentes que cobrem o terrorismo e armas de destruição em massa, podem marcar a primeira estocada de uma política mais agressiva para o Irã, algo que Trump prometeu durante a campanha eleitoral de 2016, disseram as fontes, que têm conhecimento dos planos do governo.
Mas o pacote, que visa tanto entidades quanto indivíduos, foi formulado de maneira a não violar o acordo nuclear de 2015 negociado entre o Irã e seis potências mundiais, incluindo o antecessor de Trump, Barack Obama, acrescentaram.
As fontes disseram que as novas sanções estavam sendo preparadas há algum tempo e que a decisão iraniana de testar um míssil balístico no domingo ajudou a levar à decisão de Trump de impô-las, embora Washington não tenha acusado Teerã de violar o pacto nuclear.
A Casa Branca não quis comentar. Uma autoridade do Departamento de Estado disse: "Por praxe, não comentamos previamente decisões a respeito de sanções antes de elas serem anunciadas".
A nova gestão assinalou uma postura mais dura com o Irã na quarta-feira, quando Michael Flynn, conselheiro de segurança nacional de Trump, disse que estava colocando a República Islâmica "de sobreaviso" depois do teste de míssil, e autoridades norte-americanas de alto escalão disseram que o governo está estudando como reagir.
Um dos principais conselheiros do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que seu país não irá ceder a ameaças "inúteis" de "uma pessoa inexperiente" dos EUA por conta de seu programa de mísseis balísticos. O conselheiro, Ali Akbar Velayati, não identificou o funcionário especificamente em seus comentários.
O impacto das novas punições será mais simbólico do que prático, especialmente porque estas não afetam a suspensão de sanções norte-americanas e internacionais, ocorrida conforme o acordo nuclear. Além disso, é provável que poucas das entidades iranianas sendo visadas tenham bens nos EUA que possam ser congelados, e as empresas dos EUA, com poucas exceções, estão proibidas de fazer negócios com o Irã.