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EUA e Rússia iniciam conversas sobre cessar-fogo na Ucrânia em reunião na Arábia Saudita

Encontro ocorre apenas um dia após equipes americanas e ucranianas avançarem em um ‘diálogo produtivo’ sobre pausa no conflito

O encontro ocorreu horas após outra rodada de negociações também ter sido feita entre delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia (Mikhail Svetlov/Getty Images)

O encontro ocorreu horas após outra rodada de negociações também ter sido feita entre delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia (Mikhail Svetlov/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 24 de março de 2025 às 10h10.

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Em reunião a portas fechadas, autoridades russas e americanas se reuniram na Arábia Saudita nesta segunda-feira, 24, para discutir um cessar-fogo parcial na Ucrânia, visando interromper especialmente ataques contra instalações de energia e navios no Mar Negro. O encontro ocorreu horas após outra rodada de negociações também ter sido feita entre delegações dos Estados Unidos e da Ucrânia, e deverá ser seguido por outra conversa entre Washington e Kiev.

Originalmente, as conversas de nível técnico sobre uma possível trégua parcial estavam agendadas para acontecer simultaneamente, permitindo uma diplomacia de “shuttle”, com os EUA indo e voltando entre as delegações. No entanto, agora as discussões ocorrem separadamente, uma após a outra. Ainda no domingo, o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, classificou a reunião com os americanos como “produtiva e focada”, com pontos-chave sendo debatidos.

Enquanto a Ucrânia parece estar pronta para uma trégua completa, porém, o presidente russo, Vladimir Putin, já deixou claro que buscará uma ampla gama de concessões antes de qualquer acordo. Para analistas, o Kremlin parece estar determinado a extrair o máximo de benefícios possíveis do desejo do líder americano, Donald Trump, por um acordo de paz na Ucrânia. Do ponto de vista de Moscou, uma reaproximação com Washington representa um ganho econômico e geopolítico — algo que pode ser conquistado mesmo com a continuidade da guerra.

Entrevistas realizadas na semana passada com figuras seniores da política externa russa, durante uma conferência de segurança em Nova Délhi, sugeriram que o Kremlin vê as negociações sobre a Ucrânia e as relações entre Rússia e EUA como dois processos distintos. Putin continua buscando uma vitória ampla na Ucrânia, mas está disposto a considerar a proposta de cessar-fogo de Trump para aproveitar os benefícios de uma reaproximação com Washington.

— A Ucrânia está seguindo seu próprio curso, e a ofensiva continua — disse na semana passada Vyacheslav Nikonov, vice-presidente do comitê de relações exteriores da câmara baixa do Parlamento russo. — Mas acho que, para Putin, as relações com os Estados Unidos são mais importantes do que a questão específica da Ucrânia.

O raciocínio de Moscou parece ser que se engajar com Trump pode desbloquear benefícios econômicos tão básicos quanto peças de reposição para os jatos Boeing russos — e ganhos geopolíticos tão amplos quanto uma redução da presença da Otan, a aliança militar do Ocidente, na Europa. O que não está claro é se Trump usará essas expectativas como alavanca para conseguir um acordo melhor para a Ucrânia — e se, em algum momento, ele perderá a paciência com Putin.

— Trump gosta de acordos rápidos — disse Aleksandr Dynkin, especialista em relações internacionais que assessora o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. — Se ele perceber que há grandes dificuldades, pode se decepcionar e deixar esse problema de lado.

Na quarta-feira, após Trump conversar com os líderes ucraniano e russo, a Ucrânia e a Rússia concordaram com um cessar-fogo limitado. No entanto, as partes apresentaram diferentes interpretações sobre quais alvos estariam protegidos contra ataques e se acusaram mutuamente de minar os esforços para alcançar uma trégua. A Casa Branca declarou que “energia e infraestrutura” estariam cobertas pelo acordo, enquanto o Kremlin afirmou que o entendimento seria restrito à “infraestrutura energética”. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que também gostaria que ferrovias e portos fossem protegidos.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, enfatizou na sexta-feira que o acordo alcançado entre Trump e Putin se referia apenas a instalações energéticas, acrescentando que o Exército russo está cumprindo a ordem de Putin de interromper essas ofensivas por 30 dias. Ele também acusou a Ucrânia de violar o cessar-fogo parcial ao atacar uma estação de medição de gás em Sudzha, na região russa de Kursk, uma alegação que Kiev rejeitou, culpando os próprios militares russos pelo bombardeio — uma alegação que Peskov classificou como “absurda”.

Zelenskiy afirmou no domingo que “ataques massivos de drones russos” continuavam e pediu aos aliados dos EUA e da Europa que aumentassem a “pressão sobre a Rússia para acabar com esse terror”.

A operadora estatal ferroviária da Ucrânia, Ukrzaliznytsia, informou em uma publicação no Facebook nesta segunda-feira que sofreu um ataque cibernético de grande escala, afetando a maioria de seus serviços online. No entanto, afirmou que o tráfego ferroviário permanece estável apesar do ataque.

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