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EUA e países do Golfo enfrentam EI, monstro que alimentaram

Segundo especialistas, os Estados Unidos cometeram muitos erros, especialmente na Síria e no Iraque

O secretário de Estado americano, John Kerry: ele se reunirá com lideranças para debater formas de eliminar o EI (Brendan Smialowski/AFP)

O secretário de Estado americano, John Kerry: ele se reunirá com lideranças para debater formas de eliminar o EI (Brendan Smialowski/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 16h43.

Dubai - Os Estados Unidos e as monarquias do Golfo se reúnem nesta quinta-feira na Arábia Saudita para criar uma coalizão contra o Estado Islâmico (EI), o "mostro" que alimentaram e que, agora, querem matar, segundo analistas.

"É o que tentam agora, afogar o monstro que alimentaram", afirma François Heisbourg, da Fundação para a Investigação Estratégica (FRS).

O secretário americano de Estado, John Kerry, se reunirá na quinta, em Jidá, com seus colegas das monarquias do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Emirados, Kuwait, Omã, Catar), assim como de Egito, Jordânia, Iraque e Turquia para debater a maneira de eliminar o EI da região.

A reunião acontecerá depois que o presidente Barack Obama divulgar um plano de ação para alcançar este objetivo, quando há menos de duas semanas ainda dizia não ter estratégia para a região.

Segundo os especialistas, os Estados Unidos cometeram muitos erros, especialmente na Síria e no Iraque.

Frederic Wehrey, especialista do instituto Carnegie Endowment for International Peace, destaca os riscos que Washington assume "cada vez que age por precaução".

Os que se beneficiam do apoio dos Estados Unidos podem depois agir contra os interesses de Washington e transferir armas americanas a grupos hostis, afirma.

Financiamento de grupos armados sunitas

Durante três anos, influentes personalidades de Arábia Saudita, Catar e Kuwait financiaram grupos armados sunitas na Síria. Tinham o acordo tácito de seus governos que, em conjunto com Washington, Londres, Paris ou Ancara, se mobilizavam para a queda do impopular regime de Bashar al-Assad, lembram os especialistas.

O instituto Conflict Armament Research revelou, em um relatório divulgado na segunda-feira, que o EI combatia no Iraque com armas americanas destinadas à oposição moderada na Síria.

Além disso, os foguetes antitanque utilizados pelo EI "são idênticos aos foguetes M79 entregues pela Arábia Saudita às forças que operavam sob a bandeira do Exército Livre Sírio" (ESL, oposição moderada), segundo este documento.

Para os Estados Unidos, tudo começou a mudar quando no início de junho o EI - que atraiu parte dos combatentes da Al-Qaeda na Síria - lançou uma grande ofensiva em direção ao Iraque, apoderando-se de importantes regiões do país, e de campos petrolíferos iraquianos.

"O EI ameaça os interesses americanos e mostra até que ponto a intervenção dos Estados Unidos (de 2003 no Iraque) fracassou. O EI havia aparecido no Iraque em 2006 e sobreviveu à saída das tropas americanas em 2011", explica Mathieu Guidère, professor de estudos do Oriente Médio da universidade de Toulouse (França).

As monarquias do Golfo agora são conscientes da ameaça que o EI representa para sua própria estabilidade. Como ocorreu no Afeganistão nos anos 90, temem o retorno de combatentes fanatizados depois de lutarem na Síria ou no Iraque.

Um estudo do Soufan Group, citado pela The Economist, indicou recentemente que havia no fim de maio na Síria 12.000 combatentes de 81 países, 3.000 deles do Ocidente e 2.500 da Arábia Saudita.

O rei saudita Abdullah advertiu que o Ocidente será o próximo alvo dos jihadistas se não ocorrer uma reação rápida. "Se não for assim, estou certo de que em um mês chegarão à Europa, e um mês mais tarde à América do Norte", afirmou.

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