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Da Redação
Publicado em 5 de março de 2012 às 18h20.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro da Israel, Benjamin Netanyahu, se esforçaram nesta segunda-feira em apresentar uma imagem de unidade em relação ao Irã durante o encontro bilateral na Casa Branca, mas o líder do Estado judaico insistiu em pregar 'o direito de Israel a se defender'.
Ambos se reuniram ao longo de várias horas, primeiro separadamente e depois com suas equipes de assessores, em um encontro marcado pelas possíveis intenções israelenses de realizar um ataque preventivo contra instalações nucleares iranianas nos próximos meses.
A expectativa era que Obama manifestasse publicamente divergências frente ao primeiro-ministro, mostrando-se contra um ataque que considera contraproducente e perigoso, que deixaria o regime iraniano em posição de vítima e poderia suscitar represálias no mundo muçulmano, entre uma série de graves consequências.
No entanto, em declarações à imprensa no início da reunião, os dois líderes buscaram enfatizar a excelência das relações bilaterais e seus pontos de acordo, e Obama ressaltou que os EUA sempre apoiarão Israel no que se refere à segurança da nação judaica.
Segundo o presidente, 'tanto o primeiro-ministro como eu preferimos resolver diplomaticamente' a crise diplomática em torno do programa nuclear iraniano, acusado pelas potências ocidentais de ter como objetivo armamentos atômicos, embora Teerã garanta ter apenas fins pacíficos.
Mas Obama enfatizou que os Estados Unidos, no entanto, não descartam nenhuma opção para enfrentar a possibilidade de uma bomba nuclear iraniana.
'Aos EUA, interessa profundamente impedir que o Irã obtenha uma arma nuclear. Não queremos ver uma corrida nuclear em uma das regiões mais voláteis do mundo. Não queremos a possibilidade de uma arma nuclear que caia nas mãos dos terroristas, não queremos que um regime que patrocinou terroristas sinta que pode agir de maneira mais agressiva', indicou Obama.
Netanyahu destacou que Israel deve se reservar o direito de se defender e garantir que continue como 'o dono de seu próprio destino'. No entanto, mostrando-se sorridente, o primeiro-ministro acrescentou que Israel é 'um aliado estável, dependente e fiel' dos EUA e os dois países permanecem juntos.
Netanyahu lembrou que o regime de Mahmoud Ahmadinejad não faz distinções entre EUA e Israel quanto à postura relativa a Teerã: 'Nós somos vocês, e vocês são nós', declarou o líder israelense.
A reunião desta segunda-feira ocorre um dia após Obama discursar no principal lobby pró-israelense nos EUA, Aipac (Comitê de Ação Política Americana Israelense), com um discurso em que pediu para abandonar os 'rumores absurdos de guerra' que só favorecem o Irã.
Israel insinuou que poderá atacar locais de instalações nucleares no Irã possivelmente neste semestre. Ele argumenta que a ameaça é grave demais para se esperar, enquanto o governo americano considera um possível ataque perigoso e prematuro.
Embora o Irã seria um dos assuntos dominantes no encontro, o nono entre os dois líderes, o presidente e o primeiro-ministro previam abordar também assuntos como o conflito israelense-palestino e possíveis vias para romper o atual ponto morto e retomar as negociações diretas.
Justamente esse assunto tinha protagonizado a última reunião de ambos no Salão Oval da Casa Branca no ano passado, realizada um dia depois de Obama apresentar uma proposta para retomar as negociações com base nas fronteiras de 1967 - ideia que desagrada o Estado judaico -, com trocas de território mutuamente estipuladas, algo que irritou Netanyahu.
O primeiro-ministro israelense deve pronunciar ainda nesta segunda-feira um discurso na reunião anual da Aipac.