Combatente curdo peshmerga na linha de frente em Gwar, no norte do Iraque (Ahmed Jadallah/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2014 às 18h24.
Beirute/Mursitpinar - Aviões dos Estados Unidos atacaram alvos do Estado Islâmico na Síria de domingo para segunda-feira, em incursões que um grupo que monitora a guerra diz terem matado tanto civis quanto combatentes jihadistas.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado na Grã-Bretanha, afirmou que os ataques atingiram moinhos e áreas de armazenamento de grãos na cidade de Manbij, região no norte sírio controlada pelo Estado Islâmico, matando pelo menos dois trabalhadores civis.
Os ataques a um edifício em uma estrada que sai da cidade também mataram uma série de combatentes do grupo radical, disse Rami Abdulrahman, responsável pelo Observatório, que coleta informações de fontes na Síria.
Os militares dos EUA declararam nesta segunda-feira que um ataque aéreo de seu país de domingo para segunda-feira visou veículos do Estado Islâmico em uma área de processamento adjacente a uma instalação de armazenamento de grãos próxima de Manbij, mas não têm provas de baixas civis até o momento.
Embora bombardeios de uma semana tenham atingido equipamentos e combatentes do Estado Islâmico, ainda não há sinal de que a maré esteja virando contra o grupo, que controla vastas áreas do Iraque e da Síria, onde declarou um califado islâmico.
"Eles são um adversário inteligente...estão agora se dispersando", disse o major-general da Força Aérea Jeffrey Harrigian em coletiva de imprensa do Pentágono. Isto "nos obriga a trabalhar mais para localizá-los, e, depois, desenvolver a situação para alvejá-los adequadamente", acrescentou.
Em um comunicado à Organização das Nações Unidas (ONU) que pareceu dar sua aprovação à ofensiva aérea dos EUA e de nações árabes na Síria contra os militantes, o ministro sírio das Relações Exteriores disse que seu país é a favor da campanha contra o Estado Islâmico.
A Síria "apoia qualquer esforço internacional que objetive combater o terrorismo”, afirmou Walid al-Moualem, cujo governo é um pária global por causa do que críticos afirmam ser a brutalidade da guerra civil, que já matou 190 mil pessoas.
Até agora, os ataques aéreos liderados pelos norte-americanos não conseguiram conter o avanço dos combatentes sobre Kobani, cidade curda no norte da Síria na fronteira com a Turquia onde os embates da semana passada causaram a mais rápida fuga de refugiados da guerra civil de três anos.
Pelo menos 15 tanques turcos podiam ser vistos na divisa, alguns com as armas apontadas para o território sírio. Mais tanques e veículos blindados rumaram para a fronteira depois que bombas caíram na Turquia no domingo e na segunda-feira.
O líder da Frente Al-Nusra, braço da Al Qaeda cujos militantes sunitas são rivais do Estado Islâmico e também têm sido alvejados pelos EUA, disse que islâmicos realizarão atentados no Ocidente em retaliação à campanha.
Batalha na Fronteira
Tiros foram ouvidos através da fronteira e uma coluna de fumaça foi vista sobre Kobani durante os bombardeios periódicos dos militantes do Estado Islâmico. Os curdos que observavam o combate do lado turco disseram que o YPG, o grupo curdo sírio, estava se defendendo bem.
"Muitos combatentes do Estado Islâmico foram mortos. Não estão levando os corpos com eles”, afirmou Ayhan, um curdo turco.
Em Mursitpinar, o posto de fronteira próximo, dezenas de jovens voltavam à Síria dizendo que se unirão à luta. Ainda mais refugiados corriam na direção oposta.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos informou que as incursões aéreas dos EUA atingiram uma usina de gás da Conoco em posse do Estado Islâmico nos arredores da cidade de Deir al-Zor, no leste da Síria, ferindo vários combatentes.
A usina abastece uma estação de energia elétrica em Homs que alimenta várias províncias e geradores de campos de petróleo, disse a entidade britânica.
Os aviões de guerra norte-americanos ainda alvejaram áreas da cidade de Hasaka, no norte da Síria, e nas cercanias da cidade de Raqqa, bastião do Estado Islâmico.