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EUA e Cuba tem desafios após um ano da reaproximação

Separados por apenas 150 quilômetros pelo Estreito da Flórida, os países não tinham relações diplomáticas desde 1961


	Raúl Castro e Barack Obama: “O grande benefício desse primeiro ano foi ter revertido o clima geral, de dois países que se viam como inimigos"
 (Kevin Lamarque/Reuters)

Raúl Castro e Barack Obama: “O grande benefício desse primeiro ano foi ter revertido o clima geral, de dois países que se viam como inimigos" (Kevin Lamarque/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 08h13.

Após mais de 50 anos de rompimento de relações diplomáticas, os Estados Unidos e Cuba anunciaram há um ano que iriam começar uma reaproximação.

O anúncio histórico foi feito pelos presidentes Barack Obama e Raúl Castro.

Separados por apenas 150 quilômetros pelo Estreito da Flórida, os países não tinham relações diplomáticas desde 1961.

O embargo econômico, comercial e financeiro contra Cuba foi imposto pelos Estados Unidos em 1962.

No dia 20 de julho, os Estados Unidos e Cuba reabriram suas embaixadas em Havana e Washington, reatando oficialmente as relações diplomáticas.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, foi a Cuba no dia 14 de agosto, tornando-se o primeiro chefe da diplomacia norte-americana a visitar a ilha caribenha em 70 anos, desde 1945.

Em Havana, Kerry presidiu a cerimônia de hasteamento da bandeira americana na Embaixada dos Estados Unidos após 54 anos.

Em comunicado do Departamento de Estado, o encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Havana, embaixador Jeffrey DeLaurentis, disse que, ao longo deste ano, os países fizeram progressos e se engajaram em um diálogo histórico, em ampla gama de assuntos, entre eles aviação civil, serviço de correio direto e meio ambiente.

Segundo ele, um dos objetivos de Washington com a reaproximação foi aumentar o número de viagens autorizadas, o comércio e o fluxo de informação para o povo cubano.

O embaixador ressaltou, entretanto, que ainda há áreas de desacordo entre as nações, como direitos humanos.

“Vale a pena lembrar que o secretário Kerry disse, durante a cerimônia de hasteamento da bandeira, que a normalização [das relações] não vai acontecer de um dia para outro”, afirmou, em nota divulgada terça-feira (15).

Avanços diplomáticos

O professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Alcides Costa Vaz avalia que os maiores avanços ocorreram nos campos diplomático e político e destaca a retirada de Cuba, pelos Estados Unidos, da lista dos países que contribuem com o terrorismo.

“O grande benefício desse primeiro ano foi ter revertido o clima geral, de dois países que se viam como inimigos, um resquício da Guerra Fria”.

“Do ponto de vista dos negócios, o passo mais importante dado nesse período pelos EUA foi o de colocar em campo uma série de regulações e dispositivos legais que estão flexibilizando as restrições para a realização de negócios entre os dois países”, disse Vaz.

A principal demanda cubana – a suspensão do embargo – é uma questão pendente e deve demorar a ser resolvida.

“A perspectiva é de que o embargo seja suspenso, mas a dificuldade é o Congresso [americano]. Por ser um ano eleitoral e um Congresso com maioria republicana, o atual governo resolveu não pisar fundo nessa questão. O governo [de Obama] foi flexibilizando o que estava na sua alçada. Os republicanos não vão querer dar esse trunfo eleitoral aos democratas, com a corrida eleitoral nos seus primeiros momentos”, afirmou Vaz.

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