Taiwan: os EUA rejeitam qualquer "decisão unilateral" (Jim Young/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 12h49.
Taipé — Os Estados Unidos não apoiam a realização de um referendo sobre a independência em Taiwan, garantiu nesta quarta-feira a porta-voz da embaixada 'de facto' na ilha, Amanda Mansour, em relação a uma proposta da coalisão Aliança Formosa, que luta pelo reconhecimento de Taiwan como país.
"Os Estados Unidos se opõem a qualquer mudança unilateral destinada a alterar o 'status quo'. Nossa política há muito tempo vem sendo não apoiar um referendo sobre a independência de Taiwan", afirmou Mansour em declarações veiculadas pela agência central de notícias da ilha, a "CNA".
O ex-embaixador 'de facto' em Taiwan, Richard Bush, atual analista na instituição americana Brookings, já tinha expressado sua oposição à proposta de referendo da Aliança Formosa em carta aberta na última segunda-feira.
A Aliança Formosa, estabelecida por grupos independentistas radicais em abril do 2018, anunciou esta semana que pedirá a convocação de um referendo em abril de 2019 sobre a declaração formal de independência da ilha e a solicitação de entrada nas Nações Unidas sob o nome "Taiwan".
Bush teme que essa consulta tenha efeitos negativos nas relações entre Taiwan e Estados Unidos e possa desencadear um ataque chinês de acordo com a Lei Antissecessão de Pequim de 2005, que prevê o uso da força em tal eventualidade.
O ex-embaixador afirmou que o apoio americano a Taiwan não é ilimitado e advertiu que, para decisões da envergadura da convocação de um referendo sobre a independência, a parte taiwanesa deve se comunicar antes com Washington.
"Os líderes dos Estados Unidos insistem que devem, no mínimo, ser consultados previamente se as ações de Taiwan possam criar o risco de uma guerra e desencadear uma intervenção americana", afirmou Bush em sua carta aberta.
Em 1998, o então presidente americano Bill Clinton, durante um diálogo ao vivo em uma emissora de rádio de Xangai, disse que seu país não apoiava a independência de Taiwan, algo que, até aquele momento, jamais tinha sido dito por um chefe de Estado em Washington.
"Não apoiamos a independência de Taiwan, não apoiamos a existência de duas Chinas e não apoiamos a existência de uma China e um Taiwan", afirmou Clinton.
No entanto, Washington aprovou nos últimos anos várias leis favoráveis a Taiwan que permitem elevar o nível de contatos oficiais, agilizar as vendas de armas para a ilha e intensificar os contatos militares, entre outros pontos.
Além disso, em 2018 e pela primeira vez na história, os Estados Unidos declararam sua oposição a que os aliados diplomáticos de Taiwan rompam suas relações com a ilha e ameaçou com represálias.