John Sullivan: "eventualmente, não descartamos, claro, a possibilidade de conversas diretas" (Issei Kato/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de outubro de 2017 às 08h56.
Última atualização em 17 de outubro de 2017 às 14h50.
Tóquio / Nações Unidas — Os Estados Unidos não descartam a possibilidade eventual de conversas diretas com a Coreia do Norte, disse o vice-secretário de Estado norte-americano, John J. Sullivan, nesta terça-feira, horas depois de Pyongyang anunciar que uma guerra nuclear pode irromper a qualquer momento.
As conversas entre os dois adversários vêm sendo estimuladas especialmente pela China, mas Washington e seu aliado Japão vêm relutando em se sentar à mesa de negociação enquanto Pyongyang continuar em busca do objetivo de desenvolver um míssil com uma ogiva nuclear capaz de atingir o território continental norte-americano.
"Eventualmente, não descartamos, claro, a possibilidade de conversas diretas", disse Sullivan em Tóquio antes de se reunir com seu homólogo japonês.
"Nosso foco está na diplomacia para resolver este problema apresentado pela RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país). Devemos, porém, com nossos aliados, Japão e Coreia do Sul e outros, estar preparados para o pior, caso a diplomacia fracasse".
A tensão aumentou na esteira de uma série de testes de armas da Coreia do Norte e uma sequência de pronunciamentos cada vez mais beligerantes do presidente dos EUA, Donald Trump, e do líder norte-coreano, Kim Jong Un.
Panfletos aparentemente da Coreia do Norte chamando Trump de "cachorro louco" e retratando imagens grotescas do norte-americano surgiram no centro de Seul, acrescentando um elemento anormalmente pessoal à propaganda norte-coreana.
"A situação na Península Coreana, onde a atenção do mundo todo está concentrada, chegou ao ponto do tudo ou nada, e uma guerra nuclear pode irromper a qualquer momento", disse o vice-embaixador da Coreia do Norte na Organização das Nações Unidas (ONU), Kim In Ryong, a um comitê da Assembleia Geral da entidade na segunda-feira.
"Contanto que ninguém participe das ações militares dos EUA contra a RPDC, não temos intenção de usar ou ameaçar usar armas nucleares contra nenhum outro país", disseram comentários preparados por Kim para a discussão sobre armas nucleares que o diplomata não chegou a ler em voz alta.
A Coreia do Sul e os EUA iniciaram exercícios navais conjuntos de uma semana de duração nas águas ao redor da Península Coreana na segunda-feira envolvendo 40 embarcações das duas forças armadas.
A mídia estatal norte-coreana disse nesta terça-feira que os "esforços desesperados" dos aliados para impedir o avanço de seu país só justificam que este continue desenvolvendo seu programa nuclear "até o fim".