Putin (esquerda) e Berlusconi: EUA vêm relações entre os dois como misteriosas (Vittorio Zunino Celotto/Getty Images/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 14h33.
Roma - O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, é visto pelos Estado Unidos como um político que antepõe seus interesses pessoais aos de seu país mas, sobretudo, que preocupa por suas relações com Moscou, que foram investigadas por ordem da secretária de Estado Hillary Clinton em janeiro de 2010.
Mais de quatro mil documentos diplomáticos da embaixada dos EUA em Roma datados de 2002 a 2010 e vazados pelo WikiLeaks foram resumidos e publicados nesta sexta-feira pelo jornal "La Repubblica" e sua revista "L'espresso".
Além de ressaltar os defeitos do líder, as mensagens manifestam a preocupação americana com a relação entre Roma e Moscou e entre Berlusconi e o primeiro-ministro russo Vladimir Putin.
Os EUA pretendem equilibrar a crescente influência da Rússia no setor energético e percebem com preocupação que "a Itália infelizmente, a favorece".
O embaixador David Thorne sugere a Washington: "Devemos fazer Berlusconi entender que tem uma relação pessoal conosco".
No entanto, a operação não é fácil, a união de Berlusconi com "seu amigo Vladimir" é sólida e tem raízes misteriosas, afirma o embaixador.
Tão misteriosas que induziram Hillary, em janeiro de 2010, a pedir à representação diplomática que investigasse as "possíveis relações entre Putin e Berlusconi" que pudessem "influir na política energética dos dois países".
A secretária de Estado americana também pediu que fossem estudadas "as relações entre o responsável da Eni, (a multinacional petrolífera italiana), Paolo Sacrini, os administrados da companhia e os membros do Governo italiano, especialmente o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi".
Por outro lado, os documentos vazados pelo WikiLeaks revelam que em troca de sustentar Berlusconi, os EUA requerem a máxima colaboração italiana no campo militar e a obtêm sempre.
As mensagens também falam muito da personalidade e do Governo do primeiro-ministro.
Silvio Berlusconi "com suas frequentes inconveniências e a escolha equivocada de palavras ofendeu durante seu mandato a cada categoria de cidadão italiano e a cada líder europeu", enquanto "sua vontade de pôr os interesses pessoais sobre os do Estado danificou a reputação do país na Europa".
Por outro lado, Washington assegura que apesar dos defeitos de Berlusconi, não se pode abandoná-lo.
"Reconhecer um compromisso de longo prazo com a Itália e seus líderes políticos nos dará importantes dividendos estratégicos agora e no futuro" afirma um dos documentos.