Mundo

EUA desferem golpe contra esperança de acordo comercial global

Pressa para um texto antes da Páscoa pode "causar mais mal", afirma o governo americano

China e os EUA continuaram divergentes no final da sessão informal do Comitê de Negociações Comerciais da OMC (Getty Images)

China e os EUA continuaram divergentes no final da sessão informal do Comitê de Negociações Comerciais da OMC (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de março de 2011 às 14h29.

Genebra - Os Estados Unidos desferiram um golpe pesado na terça-feira contra as problemáticas negociações comerciais globais, dizendo que a pressa em produzir o texto de um acordo operacional até a Páscoa pode "causar mais mal do que bem".

As negociações visam abrir o comércio global em benefício de todos os países, mas estão paradas devido a uma série de desentendimentos relativos a tarifas, subsídios e acesso a mercados.

"Os textos são uma ferramenta importante, mas, se não solucionarmos em breve alguns dos problemas que estamos encontrando em nosso trabalho, teremos que reavaliar a possibilidade da apresentação de novos textos no final de abril causar mais mal do que bem", disse Michael Punke, embaixador dos EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC), em reunião que visava completar um acordo até o final do ano e um texto operacional em menos de um mês.

As disputas dos EUA com a China constituem alguns dos principais fatores que impedem que seja fechado um acordo na chamada rodada de Doha. Mas o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, quer concretizar o plano de ter um texto pronto até a Páscoa, para ser discutido por ministros de governos.

Mas a China e os EUA continuavam tão divergentes quanto nunca no final desta sessão informal do Comitê de Negociações Comerciais da OMC, que tem a responsabilidade especial pelas negociações de Doha, que se desenrolam há dez anos, e de apresentar relatórios ao Conselho Geral da OMC.

Os EUA repetiram sua exigência de tarifas zero sobre as importações de determinados bens industriais. A China disse que essa iniciativa se aplicaria a mais de metade de suas importações no setor e que isso "extrapola a capacidade de um país em desenvolvimento", disseram delegados.

Depois da reunião, Punke transmitiu a jornalistas as razões de suas preocupações com o novo texto. "Qualquer texto deveria vir dos membros e não ser imposto", disse, aludindo ao receio de que o chefe da OMC e os presidentes dos grupos de negociação possam produzir um texto de conciliação que redigiram.

Punke disse que sua posição encontrou amplo apoio na reunião. Lamy insistiu que ele e os presidentes dos grupos de trabalho principais "estão comprometidos em trabalhar de baixo para cima". A Índia está entre os países que mais tarde confirmaram seu apoio à posição dos EUA.

"Rodada de Zumbis"

Na segunda-feira, um grupo empresarial americano disse que as chances de ser fechado um acordo de Doha este ano estão desaparecendo rapidamente, a não ser que líderes mundiais se empenhem pessoalmente na questão.

Um delegado disse que duvida que seja fechado um acordo este ano, mas que é importante para a OMC preservar sua credibilidade. "O que estará em questão é como o fracasso vai ser formulado", disse ele.

Outro delegado, falando após o encerramento da reunião, levantou a possibilidade de uma rodada "zumbi" de conversações continuar por anos no futuro e não chegar a lugar algum.

Lamy avisou aos delegados que o tempo está se esgotando para ser fechado um acordo na rodada de Doha.

Diplomatas dizem que é crucial que um acordo seja fechado este ano, porque eleições em alguns países chaves, incluindo os EUA, poderão criar obstáculos em 2012, e porque as negociações já estão com um atraso de anos em chegar a uma conclusão.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEstados Unidos (EUA)OMC – Organização Mundial do ComércioPaíses ricos

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru