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EUA descartam ação por terra mas EI continua sob pressão

Obama se reuniu com seus chefes militares para discutir a nova estratégia contra o Estado Islâmico

O presidente americano, Barack Obama, discursa para militares na base da Força Aérea em Tampa, Flórida (Mandel Ngan/AFP)

O presidente americano, Barack Obama, discursa para militares na base da Força Aérea em Tampa, Flórida (Mandel Ngan/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2014 às 16h12.

Bagdá - O presidente Barack Obama voltou a descartar, nesta quarta-feira, qualquer tipo de ação terrestre contra os jihadistas no Iraque, mas a pressão contra o Estado Islâmico (EI) prosseguia, com a aviação americana disparando contra posições jihadistas nas proximidades de Bagdá.

Obama se reuniu com seus chefes militares para discutir a nova estratégia contra o EI e, após o encontro na Base Aérea MacDill, comando geral do exército americano na Flórida, dirigiu-se às tropas para deixar claro que nenhum soldado de seu país combaterá em terra no Iraque.

Sua declaração é feita depois que o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior Conjunto, aventou a possibilidade de um combate por terra como uma futura opção.

"As forças americanas que foram posicionadas no Iraque, não têm e não terão de combater. Eu não os envolverei em uma nova guerra em terra no Iraque", enfatizou.

"Usaremos nossa força aérea. Treinaremos e equiparemos nossos aliados", afirmou ainda, depois de ter se reunido com o general Lloyd Austin, chefe do Comando Central.

"Levaremos adiante uma ampla coalizão entre países que têm um interesse neste combate, já que não se trata apenas dos Estados Unidos contra o EI. Trata-se do mundo que rejeita a brutalidade do EI".

Segundo Obama, os Estados Unidos não podem se lançar sozinhos nesta luta.

"A experiência nos ensinou que quando fazemos as coisas sozinhos e os povos desses países não estão envolvidos, voltam a surgir os mesmos problemas. Por isso, teremos de agir de outra maneira".

No Iraque, a intensificação dos ataques aéreos americanos acentuaram a pressão sobre os combatentes do Estado Islâmico.

De acordo com fontes militares iraquianas e líderes tribais, caças americanos atingiram três alvos do EI numa área ao sul de Bagdá, chamada de "triângulo da morte", eliminando ao menos quatro militantes.

Por outro lado, segundo fontes médicas, os combates deixaram ao menos oito soldados iraquianos mortos nesta quarta.

Os ataques mais recentes visam apoiar a ofensiva do exército iraquiano iniciada na véspera, no setor de Fadhiliya, a menos de 50 km do sul da capital. No entanto, os militares da chamada "Brigada de Ouro", a melhor do país, não conseguiram entrar no setor.

A região de Jurf al Sajr representa um setor estratégico, já que se encontra entre Fallujah - cidade de maioria sunita a oeste de Bagdá, nas mãos do EI — e dois santuários do xiismo, Kerbala e Najaf, ao sul da capital.

Os militares americanos não informaram sobre a localização exata de seus alvos, mas os ataques sugerem que o objetivo é enfraquecer as posições jihadistas para permitir as operações militares iraquianas.

Os mais de 160 ataques aéreos lançados pelos Estados Unidos desde 8 de agoto obtiveram alguns resultados, e aparentemente forçaram os líderes de tropas jihadistas a atravessar a fronteira com direção à Síria.

Fontes ativistas informaram que os jihadistas em um reduto sírio próximo ao Iraque abandonaram algumas bases e redistribuíram suas forças e equipamentos para outras posições por causa do avanço americano.

"O EI começou a desocupar muitas das suas bases e posições na província de Deir Ezzor", declarou Abu Osama, um ativista da região oriental do país, majoritariamente sob controle jihadista.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), por sua vez, informou nesta quarta que cerca de 50 pessoas, incluindo sete mulheres, foram mortas desde segunda-feira nos ataques aéreos na localidade de Talbisseh.

Ponte destruída

Uma ponte estratégica foi destruída e sete pessoas - aparentemente civis - morreram em um ataque suicida com carro-bomba em Ramadi, capital da província ocidental de Al-Anbar, onde o exército iraquiano combate os jihadistas.

Segundo Mahmud al-Wazan, coronel da polícia, a explosão destruiu a ponte Albu Faraj sobre o rio Eufrates, em um bairro do norte da cidade localizada a cerca de 100 km de Bagdá.

"Esta é a quarta ponte em Ramadi destruída por um ataque, e era a última que os civis podiam cruzar", informou.

As outras duas pontes ainda existentes e que permitem realizar a travessia do rio, são utilizadas estritamente pelas forças do governo em sua luta contra jihadistas do EI, que controla vários bairros de Ramadi.

A província de Al-Anbar, de maioria sunita e na fronteira da Síria, é um dos redutos do EI.

Apoio aos jihadistas

O FBI americano declarou que o apoio à organização Estado Islâmico aumentou após o início dos ataques aéreos no Iraque, e o número de combatentes jihadistas deste grupo cresceu.

"O uso extenso das redes sociais por parte do EI e o apoio na internet se intensificaram após o início dos ataques americanos no Iraque", declarou o chefe do FBI, James Comey, ante a comissão de segurança interior da Câmara de Representantes.

O número de combatentes desta organização jihadista, presente na Síria e no Iraque, se situa entre 20.000 e 31.000 homens, segundo Matthew Olsen, diretor do Centro Nacional Antiterrorista dos Estados Unidos, ressaltando que este número reflete um avanço nos efetivos, em particular desde os recentes ataques americanos.

Olsen ressaltou a propaganda muito sofisticada do grupo jihadista, que ultrapassa a de outras organizações e é suscetível de ter um impacto sobre o recrutamento.

Após a execução por decapitação de dois reféns americanos e de um terceiro britânico, Comey avaliou que este grupo "e outras organizações terroristas estrangeiras podem continuar buscando e detendo reféns americanos em uma tentativa de forçar o governo americano e as pessoas a fazer concessões que só reforçariam o EI e suas futuras operações terroristas", disse.

Mas os serviços de inteligência não possuem "nenhuma informação que demonstre que o EI prepara um ataque aos Estados Unidos", acrescentou Olsen.

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