Segundo "El País", os documentos revelados pelo WikiLeaks mostram que o principal propósito da prisão era "explorar" toda a informação dos reclusos apesar de sua inocência (John Moore/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2011 às 05h48.
Washington - O Departamento de Estado e o Pentágono denunciaram neste domingo categoricamente em comunicado o vazamento de documentos secretos sobre a prisão militar de Guantánamo em Cuba, obtidos pela organização Wikileaks.
O jornal espanhol "El País", "The New York Times" e o "Washington Post" publicam em suas páginas na internet informação detalhada sobre o novo vazamento do Wikileaks.
"É infeliz que várias organizações midiáticas tenham tomado a decisão de publicar vários documentos obtidos de forma ilegal pelo Wikileaks relacionados com o centro de detenção de Guantánamo", assinala o comunicado.
"Esses documentos contêm informação confidencial sobre detidos atuais e passados de Guantánamo e condenamos categoricamente o vazamento desta informação sensível", assinala o comunicado.
Os EUA indicaram que os papéis do Pentágono incluem Expedientes de Avaliação de Detidos (DABs, na sigla em inglês) redigidos pelo Departamento de Defesa entre 2002 e começo de 2009.
"Esses DABs foram escritos em função da informação disponível então", diz a resposta oficial.
O comunicado ressalta que o Grupo de Trabalho de Revisão de Guantánamo, estabelecido em janeiro de 2009, considerou os DABs durante sua revisão da informação de detidos.
O Governo americano insiste que em algumas ocasiões o citado grupo de trabalho chegou às mesmas conclusões que os DABs, mas em outras houve divergências.
O comunicado destaca que o Wikileaks não teve acesso às conclusões do grupo de trabalho e portanto os documentos obtidos "ilegalmente" podem representar ou não a opinião de um detido concretamente.
Os EUA asseguram que tanto o Governo atual como o anterior fizeram todos os esforços a seu alcance para realizar com o máximo "cuidado e diligência" a transferência de detidos em Guantánamo.
O comunicado lembra que o Governo anterior transferiu 537 detidos e o atual autorizou a mudança de 67.
"Para ambos os Governos a proteção de cidadãos americanos foi sua principal prioridade e nos preocupa que a divulgação dos documentos possa prejudicar esses esforços", afirma o comunicado.
Segundo "El País", os documentos revelam que o principal propósito da prisão era "explorar" toda a informação dos reclusos apesar da reconhecida inocência de muitos deles.
Cerca de 60% foram conduzidos à base militar sem ser uma ameaça "provável", afirma o jornal espanhol em sua edição digital, apontando que idosos com demência, adolescentes, doentes psiquiátricos graves e professores de escola ou fazendeiros sem nenhum vínculo com a jihad foram conduzidos ao presídio e misturados com verdadeiros terroristas como os responsáveis pelo atentado de 11 de setembro de 2001.
"El País" teve acesso às fichas militares secretas de 759 dos 779 presos que passaram pela prisão, dos quais cerca de 170 continuam detidos.
O periódico destaca que os meandros da prisão foram recolhidos em 4.759 páginas assinadas pelos mais altos comandantes da Força Conjunta da base e dirigidas ao Comando Sul do Departamento de Defesa em Miami.