Embaixada: os casos começaram a ser registrados no fim de 2016 (Alexandre Meneghini/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de setembro de 2017 às 17h10.
Última atualização em 29 de setembro de 2017 às 17h11.
Washington - Os Estados Unidos decidiram retirar a maior parte de seus diplomatas e funcionários de sua embaixada em Cuba, depois que ataques realizados com uma tecnologia não identificada provocaram perda de audição ou de equilíbrio, náusea, problemas cognitivos, dificuldade para dormir e dores de cabeça em 21 integrantes do Departamento de Estado em Havana.
Os casos começaram a ser registrados no fim de 2016 e o mais recente deles ocorreu em agosto. Todos eles ocorreram em hotéis e não na embaixada.
A suspeita inicial era a utilização de armas sônicas. Outra possibilidade analisada é o uso de equipamentos de espionagem.
Em briefing telefônico com jornalistas nesta sexta-feira, uma alta autoridade do Departamento de Estado disse que as investigações sobre o método, a origem e a tecnologia utilizada ainda estão sendo em andamento.
Segundo ele, não está descartada a participação de um terceiro país nos ataques. O governo de Havana nega envolvimento e diz estar colaborando com a apuração.
"Os investigadores ainda não foram capazes de identificar quem e o que está por trás desses ataques", disse o representante do Departamento de Justiça, que falou sob a condição de não ser identificado, prática comum no governo americano.
"Até que o governo de Cuba possa assegurar a segurança do pessoal do governo americano, a atividade na embaixada será reduzida a serviços de emergência."
Mais da metade do contingente da embaixada será retirada de Havana. Todos os familiares de diplomatas e funcionários terão de deixar a cidade.
A concessão de vistos será suspensa e os serviços diplomáticos serão restritos a casos emergenciais. OS EUA também passaram a orientar americanos a não viajarem para a ilha. Muitos dos ataques ocorreram em hotéis, onde cidadãos americanos podem se hospedar.
A medida tem o potencial de afetar a já frágil relação bilateral. O presidente Donald Trump congelou o processo de reaproximação com a ilha iniciado por seu antecessor, Barack Obama, e condicionou a retirada de sanções à realização de reformas democráticas.
Todas as viagens de integrantes do governo dos EUA a Cuba serão suspensas, o que pode prejudicar negociações bilaterais.
Haverá exceções para os envolvidos nas investigações dos ataques, a casos relacionados à segurança nacional americana e a operações "cruciais" da embaixada. O representante do Departamento do Estado ressaltou que encontros bilaterais poderão ocorrer nos EUA.
As relações diplomáticas com Cuba são mantidas, ressaltou a autoridade americana, que reconheceu "o esforço" do governo de Havana em investigar o caso e facilitar a investigação dos EUA no país.