Estados Unidos quer acelerar acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas para parar o conflito de forma imediata. (SAUL LOEB / AFP)
Redator na Exame
Publicado em 2 de setembro de 2024 às 08h17.
Após meses de negociações conduzidas pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para alcançar um acordo de cessar-fogo e liberação de reféns entre Israel e Hamas, a descoberta dos corpos de seis reféns em Gaza, incluindo o de Hersh Goldberg-Polin, cidadão israelense-americano, trouxe nova urgência às tratativas. O governo americano, em conjunto com o Egito e o Qatar, está finalizando um acordo de cessar-fogo que será apresentado às partes envolvidas nos próximos dias, com o recado claro de que esta é a última oportunidade de negociação antes de os EUA encerrarem seu papel de mediador. As informações são do The Washington Post.
Segundo um alto funcionário do governo americano, que falou sob condição de anonimato, a proposta a ser apresentada é definitiva e, caso não seja aceita, poderá marcar o fim das negociações lideradas pelos Estados Unidos. A morte dos seis reféns foi atribuída a execuções realizadas pouco antes de suas descobertas por forças israelenses, e o governo americano compartilha dessa avaliação.
Desde o início dos esforços diplomáticos, Biden e sua equipe, incluindo o diretor da CIA, William J. Burns, o secretário de Estado, Antony Blinken, e o coordenador da Casa Branca para o Oriente Médio, Brett McGurk, têm trabalhado incansavelmente para mediar um acordo que possibilite a libertação dos reféns restantes em troca de prisioneiros palestinos, além de um cessar-fogo temporário em Gaza. A esperança é que esse cessar-fogo possa servir como base para um fim permanente do conflito.
No entanto, a situação em Israel complicou-se ainda mais com o aumento da pressão interna sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Familiares dos reféns, junto com centenas de milhares de manifestantes e o maior sindicato do país, estão exigindo que Netanyahu aceite um acordo com o Hamas que traga os reféns de volta. Netanyahu tem sido criticado por colocar sua sobrevivência política e vitória contra o Hamas acima da segurança dos reféns.
A descoberta dos corpos dos seis reféns adicionou uma nova camada de complexidade às negociações. O plano inicial previa a troca de reféns vivos por prisioneiros palestinos, e a confirmação de que alguns reféns estão mortos pode diminuir a pressão sobre Netanyahu para concluir um acordo.
Mesmo diante da crise interna em Israel, a liderança do Hamas em Gaza, particularmente o líder Yehiya Sinwar, parece relutante em ceder. Fontes do governo americano indicam que Sinwar, até agora, não mostrou disposição para negociar sob pressão, o que levanta dúvidas sobre a seriedade do grupo em relação às negociações.
Enquanto isso, Biden e a vice-presidente Kamala Harris optaram por condenar publicamente o Hamas pela morte dos reféns, evitando criticar diretamente Netanyahu, mesmo com a crescente insatisfação dentro de Israel.
Os próximos dias serão cruciais para determinar se um acordo será alcançado. As pressões internas em Israel e a inflexibilidade do Hamas colocam em xeque o sucesso das negociações. Sem um acordo, a guerra entre Israel e Gaza continuará, com consequências devastadoras para ambos os lados.