A relação entre Obama e Netanyahu se estremeceu consideravelmente após discurso do primeiro-ministro no Congresso americano, em que teceu duras críticas ao acordo nuclear que EUA e outros países buscam com o Irã (Jonathan Ernst/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2015 às 17h36.
Washington - Os Estados Unidos estão preocupados com a "retórica divisiva" usada pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante a campanha eleitoral e continuam apoiando a solução de dois Estados, um israelense e outro palestino, para a paz no Oriente Médio, afirmou nesta quarta-feira a Casa Branca.
"Os Estados Unidos e este governo estão profundamente preocupados com a retórica que procura marginalizar cidadãos árabe-israelenses", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, aos jornalistas no avião presidencial rumo a Cleveland, no estado de Ohio, após a vitória de Netanyahu nas eleições de ontem em Israel.
Essa retórica "é profundamente preocupante e divisiva" e, além disso, "solapa os valores e ideais democráticos" que são uma "parte importante do que une Estados Unidos e Israel", acrescentou Earnest.
Sobre os comentários feitos por Netanyahu antes das eleições, de que não permitiria a criação de um Estado palestino se continuasse à frente do Executivo, o porta-voz lembrou que os Estados Unidos continuam acreditando que a solução de dois Estados é "a melhor" para diminuir as tensões na região.
A política dos EUA "durante mais de 20 anos" foi a de buscar uma solução de dois Estados para "resolver o conflito entre israelenses e palestinos", disse Earnest.
Após os comentários de Netanyahu, os EUA "vão reavaliar sua posição" no processo de paz no Oriente Médio e "o caminho a ser seguido nesta situação", indicou o porta-voz do presidente americano, Barack Obama.
Earnest disse que o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, telefonou para Netanyahu para felicitá-lo e Obama deve fazer o mesmo nos próximos dias.
A relação entre Obama e Netanyahu não é das melhores há bastante tempo, mas a tensão aumentou neste mês quando o primeiro-ministro israelense visitou Washington e fez um polêmico discurso no Congresso com duras críticas ao acordo que os Estados Unidos e outros cinco países negociam com o Irã sobre o programa nuclear de Teerã.