Usando proteção contra o Ebola, funcionários de limpeza trabalham na capital da Libéria, Monróvia (Pascal Guyot/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2014 às 07h16.
Washington - O governo americano diagnosticou seu primeiro caso de contaminação com o vírus Ebola no país - o primeiro fora da África -, informou o Centro de Prevenção e Controle de Doenças nesta terça-feira (CDC, na sigla em inglês).
Esse é o primeiro paciente a ser diagnosticado com Ebola nos Estados Unidos e, segundo autoridades sanitárias americanas, o primeiro fora da África.
"Até onde sabemos, este é o primeiro paciente diagnosticado (com Ebola) fora da África", declarou a jornalistas o diretor do CDC, Tom Frieden.
"Não tenho dúvidas de que iremos controlar essa importação, ou esse caso de Ebola, de forma que não se dissemine amplamente neste país", acrescentou Frieden, que informou que o homem infectado se encontra criticamente doente.
Segundo a Casa Branca, o presidente americano, Barack Obama, foi informado pelo CDC sobre o caso.
Frieden garantiu haver "risco zero" de que qualquer pessoa tenha sido infectada no voo que trouxe o homem para os Estados Unidos, porque ele não embarcou com os sintomas. Além disso, frisou, o país será capaz de controlar a doença.
"Ele teve a temperatura verificada antes de embarcar, e não há razão para pensarmos que alguém no voo em que ele estava correria riscos", declarou.
No entanto, o diretor do CDC reconheceu que um "punhado" de pessoas, sobretudo familiares, teve contato com o homem quando ele ficou doente, e que elas estão sendo monitoradas para o caso do surgimento de sintomas.
O homem, que não teve sua nacionalidade divulgada, começou a experimentar os sintomas em 24 de setembro e procurou um médico dois dias depois. Ele foi internado no dia 28 em Dallas, sob isolamento. A infecção com Ebola foi confirmada por testes realizados por dois laboratórios.
"Ele se contaminou com a doença na Libéria", disse o porta-voz, acrescentando que não se trata de um funcionário da área de Saúde.
A informação foi confirmada pelo Hospital Presbiteriano de Dallas, que anunciou ter colocado uma pessoa em situação de total isolamento com base em "sintomas e em um histórico recente de viagens".
Os Estados Unidos já trataram pacientes contaminados com Ebola durante o surto atual no oeste da África, inclusive os médicos americanos Kent Brantly e Rick Sacra, infectados na África Ocidental e repatriados para tratamento em seu país. Os dois conseguiram se recuperar da doença.
Outro paciente, com suspeita de exposição ao Ebola, foi hospitalizado nos arredores da capital americana no fim de semana, mas ainda não há confirmação de que tenha sido contaminado pelo vírus mortal.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maior epidemia de Ebola já registrada infectou, até agora, mais de 6.500 pessoas em cinco países do oeste africano e matou 3.091 desde o começo do ano.
Não há vacina, ou medicação, para tratar o Ebola, que surgiu pela primeira vez na África em 1976.
A febre hemorrágica provoca um amplo espectro de sintomas, incluindo febre alta, vômito, diarreia e hemorragia.
A primeira vítima identificada nessa nova epidemia de Ebola foi um menino de dois anos de idade, contaminado na Guiné em dezembro de 2013. Os especialistas ainda não conseguiram determinar como ele contraiu o vírus, mas o periódico "New England Journal of Medicine" relata que o menor pode ter tido contato com um morcego contaminado. Esse animal é um hospedeiro natural do vírus do Ebola.
Desde então, a epidemia se espalhou rapidamente, afetando Serra Leoa, Libéria e Guiné. O sistema de Saúde desses países se encontra em colapso.
Há apenas uma semana, o CDC alertou que a epidemia pode alcançar 1,4 milhão de pessoas até janeiro de 2015, a menos que se aumente drasticamente o volume de recursos para seu controle.
EUA enviarão mais soldados
Nesta terça, o Pentágono anunciou o envio de cerca de 1.400 soldados à Libéria nas próximas semanas para combater a epidemia.
Metade do efetivo pertence à 101ª Divisão Aerotransportada. Os outros 700 são engenheiros militares que serão estacionados em Monróvia, capital da Libéria, até o final de outubro - disse à imprensa um porta-voz do Departamento americano da Defesa, o contra-almirante John Kirby.
Os soldados vão se juntar aos 200 militares americanos americanos já estacionados na Libéria e faz parte dos três mil homens que Washington planeja enviar para esse país africano para ajudar a formar os trabalhadores do setor de Saúde e instalar hospitais e infraestruturas.