Presidente do Irã, Hassan Rouhani, participa de entrevista coletiva, em Nova York (Adrees Latif/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2013 às 18h58.
Genebra - Os Estados Unidos acenaram nesta segunda-feira com a perspectiva de atenuar em breve as sanções contra o Irã se a República Islâmica agir no sentido de esclarecer as dúvidas que cercam seu programa nuclear, mas ambos os países alertaram que o eventual acordo seria complexo e demorado.
Seis potências --Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha-- se reúnem na terça e quarta-feira com o Irã em Genebra para discutir a questão nuclear, mas uma fonte norte-americana graduada disse que "ninguém deve esperar uma solução da noite para o dia".
No entanto, os EUA se mostram dispostos a oferecer um rápido alívio nas sanções econômicas se o Irã esclarecer logo as preocupações em torno do seu programa nuclear. Washington e seus aliados suspeitam que Teerã esteja tentando desenvolver armas atômicas, o que a República Islâmica nega.
O eventual abrandamento, disse a fonte dos EUA, seria "direcionado, proporcional àquilo que o Irã colocar sobre a mesa".
"Tenho certeza de que eles vão discordar sobre o que é proporcional", disse a fonte. "Mas estamos deixando bem claro qual é o cardápio de opções e o que acompanha o quê." Em um sinal de que os EUA cogitam abrandar as sanções, a delegação norte-americana incluirá nas discussões desta semana um dos seus principais especialistas em sanções, o diretor do Departamento de Controle de Patrimônio Estrangeiro do Departamento do Tesouro, Adam Szubin.
O principal funcionário da União Europeia para questões de sanções também estará presente nas reuniões.
Desde 2006, o Irã vem rejeitando as ordens do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para abandonar suas atividades de enriquecimento de urânio, as quais podem se destinar à produção de material para armas nucleares, ou para finalidades pacíficas.
O otimismo em torno da reunião desta semana decorre em parte da eleição do moderado Hassan Rouhani como presidente do Irã, em junho. No mês passado, ele conversou por telefone com o presidente dos EUA, Barack Obama, no que foi o primeiro contato direto entre líderes dessas duas nações desde o rompimento das relações bilaterais, em 1979.
No domingo, o Irã rejeitou a hipótese de enviar seu urânio enriquecido para o exterior, como propõem as grandes potências, mas sinalizou flexibilidade em outros aspectos.
Israel, país inimigo do Irã e que supostamente possui o único arsenal nuclear do Oriente Médio, alerta repetidamente o Ocidente a não abrandar as sanções ao Irã.
Uma autoridade do país disse que no sábado o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, telefonou para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e ao presidente francês, François Hollande, dizendo que as sanções ao Irã estão perto de alcançar seus objetivos.