Hugo Chávez, presidente da Venezuela: é a 2ª vez que os países expulsam diplomatas (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2010 às 10h17.
Caracas - Os Estados Unidos "revogaram" o visto do embaixador da Venezuela em Washington, Bernardo Álvarez, informou nesta quarta-feira o vice-chanceler venezuelano, Temir Porras, no Twitter.
"Confirmo. Os EUA revogaram o visto do embaixador Bernardo Álvarez", disse o vice-chanceler.
O departamento americano de Estado confirmou a decisão, qualificada de medida "apropriada e recíproca" com a Venezuela.
"Avisamos que haveria consequências quando o governo venezuelano retirou seu 'agreement' ao embaixador Larry Palmer. Adotamos a medida apropriada, proporcional e recíproca", disse o porta-voz Charles Luoma-Overstreet.
Estados Unidos e Venezuela já haviam retirado seus respectivos embaixadores entre setembro de 2008 e junho de 2009, em meio a complicações diplomáticas.
Na ocasião, Álvarez também era o embaixador em Washington, e foi declarado persona non grata em setembro de 2008, após a expulsão do representante americano em Caracas.
Álvarez regressou aos Estados Unidos em junho de 2009, mas aguardava o 'agreement' de seu homólogo americano.
A decisão desta quarta-feira ocorre um dia após o presidente venezuelano, Hugo Chávez, desafiar os Estados Unidos a "cortar relações diplomáticas".
"Se o governo (em Washington) vai expulsar nosso embaixador, que faça. Se vão cortar relações diplomáticas, que façam" - disse Chávez sobre a polêmica desatada com a negativa do 'agreement' ao diplomata americano designado para Caracas, Larry Palmer.
"Negamos o agreement a este senhor (Palmer) e agora somos ameaçados pelo governo dos Estados Unidos com represálias. Que façam o que querem, mas verão".
Segundo Chávez, Larry Palmer ofendeu "as Forças Armadas venezuelanas" em sua audiência no Senado americano, quando disse que na Venezuela há guerrilheiros colombianos e que os militares são influenciados por Cuba.
"Para ser embaixador aqui precisa respeitar esta pátria (...) Indigno seria permitir a vinda deste senhor à Venezuela".
O porta-voz do departamento de Estado Mark Toner destacou mais cedo o "interesse nacional" dos Estados Unidos na presença de um embaixador americano em Caracas.
Sobre a polêmica envolvendo a negativa de Caracas a Larry Palmer, o porta-voz destacou que "apenas através de uma conversa franca com o governo venezuelano poderemos discutir essas diferenças".
Segundo o departamento de Estado, o governo americano não tem a intenção de nomear um substituto para Palmer, que deve ser confirmado pelo Senado nos próximos dias.