Delegados da Grã-Bretanha, Austrália e França também se opõe à presidência da Síria (Kevin Lamarque/Reuters)
AFP
Publicado em 5 de junho de 2018 às 11h42.
A delegação dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira que vai boicotar a reunião plenária semanal da conferência de desarmamento presidida desde a semana passada pela Síria.
"Devido às reiteradas tentativas da Síria na semana passada de utilizar a presidência da conferência de desarmamento para normalizar o regime e seu comportamento inaceitável e perigoso, não participamos na sessão deste dia", afirmou o embaixador americano em um comunicado.
"Continuaremos a defender os interesses dos Estados Unidos na Conferência sobre o desarmamento", acrescentou.
A presidência da conferência sobre o desarmamento é rotativa e muda de acordo com a ordem alfabética, e depois da Suíça agora é a vez da Síria, que desde o dia 28 de maio ocupa o posto por quatro semanas.
Nesta terça-feira, em uma sessão plenária anterior, os Estados Unidos protestaram contra o acesso da Síria à presidência da conferência, chamando-a de "farsa", uma vez que o regime de Damasco é acusado de usar armas químicas contra seu povo.
Para marcar sua oposição, o embaixador americano deixou a sala durante o discurso do embaixador sírio Husam Edin A'ala, que abriu a sessão no Palácio das Nações, em Genebra.
O embaixador de Israel, Aviva Raz Shechter, também deixou a sala depois de seu discurso, no qual ele considerou que esta situação era "inaceitável".
Outros delegados, como os da Grã-Bretanha, Austrália e França, expressaram sua oposição à presidência síria.
Os trabalhos nesta instância também serão afetados nas próximas semanas, já que dois dos cinco coordenadores de grupos se recusam a trabalhar sob a presidência síria.
"Representantes da Holanda e da Alemanha não responderam favoravelmente ao convite do presidente da conferência sobre o desarmamento para participar nas consultas informais em 4 de junho", disse à AFP uma porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci.
O embaixador sírio denunciou nesta terça a "politização" da conferência, enquanto vários países, incluindo o Paquistão e a Venezuela, pediram que as regras de funcionamento da conferência fossem respeitadas.