Agência de notícias
Publicado em 20 de abril de 2025 às 16h22.
O governo dos Estados Unidos estuda reduzir drasticamente sua presença diplomática na África e também a eliminação dos escritórios do Departamento de Estado responsáveis pela mudança climática, democracia e direitos humanos, segundo um decreto que está sendo avaliado pela Casa Branca.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou que o jornal The New York Times, o primeiro a informar sobre a existência do rascunho de decreto, havia sido vítima de outro engano.
"Estas são notícias falsas" ('fake news'), escreveu Rubio no domingo em sua conta na rede social X.
A AFP, no entanto, teve acesso a uma cópia do rascunho da iniciativa e o texto exige uma "reorganização estrutural completa" do Departamento de Estado até 1º de outubro deste ano.
O objetivo, segundo o texto preliminar do decreto, é "agilizar a execução das missões, projetar a força americana no exterior, reduzir o desperdício, a fraude e o abuso, e alinhar o Departamento com a Doutrina Estratégica 'Estados Unidos em Primeiro Lugar'".
A modificação mais importante seria organizar o trabalho diplomático americano em quatro regiões: Eurásia, Oriente Médio, América Latina e Ásia-Pacífico.
O atual Escritório para África seria eliminado. Em seu lugar, seria criado um "Escritório do Enviado Especial para Assuntos Africanos", que se reportaria ao Conselho de Segurança Nacional interno da Casa Branca, ao invés do Departamento de Estado.
"Todas as embaixadas e consulados não essenciais na África Subsaariana serão fechados", afirma o texto que está sendo avaliado, enquanto todas as missões restantes serão consolidadas sob um enviado especial "por meio de presenças específicos e orientadas para a missão" em questão.
Na África, a atenção se concentraria na luta contra o terrorismo e na "extração e comércio estratégico de recursos naturais críticos".
Outra novidade é que a embaixada americana na capital do Canadá, Ottawa, também seria "significativamente reduzida". O presidente Donald Trump continua expressando ambições expansionistas em relação ao vizinho do norte, que descreve como o "51º estado" dos Estados Unidos.
O rascunho do decreto não foi discutido publicamente pelos funcionários. Contudo, o texto foi elaborado em meio a uma onda de medidas de Trump para cortar as iniciativas de 'soft power' dos Estados Unidos que são aplicadas há décadas e questionar as alianças de longa data do país, incluindo a Otan.
A iniciativa em discussão foi revelada após o vazamento para a imprensa americana de outro plano, segundo o qual o Departamento de Estado teria seu orçamento reduzido pela metade.
No esboço mais recente do plano, os escritórios que tratam atualmente da mudança climática e dos direitos humanos seriam "eliminados".
Tom Yazdgerdi, presidente da Associação de Serviço Exterior dos Estados Unidos, que representa os diplomatas americanos, disse à AFP que os funcionários apoiavam a melhoria da eficiência do governo, mas que as medidas anunciadas no rascunho da ordem "pareciam um ataque com um machado".
"Temos a sensação de que estamos nos isolando do mundo", acrescentou, neste domingo.
Yazdgerdi considerou que a nova estratégia constitui uma "ferida autoinfligida" para o país, ao mesmo tempo em que destacou que o "soft power" é o que "faz os Estados Unidos serem grandes".