Míssil: após telefonema que culminou em abertura de processo de impeachment, EUA liberam venda de mísseis para a Ucrânia (Foto/AFP)
Beatriz Correia
Publicado em 3 de outubro de 2019 às 18h07.
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira, 3, que aprovou a possível venda de mísseis antitanque à Ucrânia discutida em um telefonema entre o presidente Donald Trump e seu homólogo ucraniano, Volodimir Zelenski, que desencadeou uma investigação de julgamento político contra o presidente americano.
O Departamento de Estado informou oficialmente ao Congresso sobre a intenção da administração de proceder com a venda de 150 mísseis Javelin por 39,2 milhões de dólares, segundo indicou um comunicado.
O presidente pediu ao líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que investigasse um dos filhos do ex-vice-presidente americano Joe Biden e disse que instruiria seu advogado e procurador-geral a procurá-lo para “ir ao fundo” da questão, segundo transcrição de uma ligação ocorrida em julho entre os dois líderes e liberada pela Casa Branca.
A transcrição também mostra que Trump, antes de pedir ao ucraniano que verificasse ações do filho de Biden, lembrou Zelensky que os EUA enviam auxílio de segurança para a Ucrânia. “Eu direi que fazemos muito pela Ucrânia”, disse ele. “Fazemos muitos esforços e gastamos muito tempo.”
Segundo a transcrição, Trump não fez uma ligação explícita durante a ligação entre a ajuda dos EUA – que ele havia suspendido uma semana antes – e uma investigação sobre o filho de Biden. Zelensky respondeu que o presidente estava absolutamente certo e que os países europeus “não estavam trabalhando o quanto deveriam trabalhar pela Ucrânia”.
A ligação foi o pivô de um pedido de impeachment contra Trump. A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, usou o telefonema como argumento para pedir a abertura de um inquérito de impedimento do magnata.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)