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EUA advertem sobre negociações "conflituosas" pelo Brexit

"Ninguém tem interesse em negociações longas e conflitivas", disse Obama em uma coletiva de imprensa em Varsóvia


	Brexit: "Este talvez seja o momento mais importante para as relações transatlânticas desde o fim da Guerra Fria"
 (REUTERS/Evan Vucci/Pool.)

Brexit: "Este talvez seja o momento mais importante para as relações transatlânticas desde o fim da Guerra Fria" (REUTERS/Evan Vucci/Pool.)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2016 às 10h37.

O presidente americano, Barack Obama, lançou uma séria advertência nesta sexta-feira à União Europeia sobre eventuais negociações conflituosas no processo de divórcio com o Reino Unido, seu maior aliado na Europa.

"Ninguém tem interesse em negociações longas e conflitivas", disse Obama em uma coletiva de imprensa em Varsóvia, antes de participar da última cúpula da Otan de seu mandato.

Obama dividia o palco com os presidentes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia, Donald Tusk e Jean-Claude Juncker, respectivamente, com quem havia se reunido anteriormente.

Washington seguiu de perto o processo britânico que terminou com a decisão de que o Reino Unido saia da União Europeia, abrindo caminho para um incerto e inédito processo que Londres ainda não ativou, apesar das pressões das capitais europeias.

O Reino Unido, potência nuclear e membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, é o melhor aliado dos Estados Unidos na Europa, com quem mantém uma "relação especial".

"Este talvez seja o momento mais importante para as relações transatlânticas desde o fim da Guerra Fria", disse Obama em uma coluna publicada nesta sexta-feira pelo jornal Financial Times.

Nela defendeu que a UE e Londres sejam "capazes de entrar em acordo sobre uma transição ordenada a uma nova relação", "embora seja difícil".

Jean-Claude Juncker declarou, por sua vez, que não encarava o processo de divórcio "de maneira hostil".

"Devemos começar as negociações. Não estou fazendo isso, como dizer, de maneira hostil", disse, mas repetiu a posição europeia: "se um país quer ter acesso ao mercado interno (europeu) deve aceitar as quatro liberdades básicas, incluindo a liberdade de movimento".

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou aos seus colegas da UE na semana passada que o Reino Unido queria permanecer no mercado único europeu após o fim do divórcio, mas sem aceitar a liberdade de movimento.

Diante do temor de que o Brexit provoque um efeito dominó na UE, o presidente do Conselho, Donald Tusk, disse que o voto britânico "é um incidente, e não o início de um processo".

Reforçar o flanco oriental

Apesar do Brexit e "diante das ameaças que a Europa enfrenta", Obama conta que o Reino Unido continue sendo "o maior contribuinte para a segurança europeia".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, voltou a insistir que o Brexit mudará inevitavelmente seus vínculos com a UE, "mas não a posição de liderança do Reino Unido dentro da Otan".

Em Varsóvia, os 28 líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) buscarão reafirmar sua presença no leste europeu, outrora sob a influência de Moscou.

A principal decisão será a ratificação do plano de ação para contrabalançar a Rússia, cada vez mais agressivo, após a anexação da Crimeia e a intervenção na Ucrânia em 2014.

O plano de resposta, esboçado pela Otan na cúpula de Gales em 2014, o "Readiness Action Plan", envolve respeitar um mínimo de gastos militares de 2% do PIB e cessar os cortes.

Para acalmar os aliados que se tornaram independentes de Moscou no início do s anos 1990, a Otan decidiu reforçar sua "Força de Resposta" (NRF, Nato Response Force), triplicando seus efetivos a 40.000 soldados e criando uma "ponta de lança" ("Spearhead") de 5.000 homens capaz de ser mobilizada em apenas alguns dias diante de qualquer foco de crise.

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