Enviado especial dos Estados Unidos para o Afeganistão e o Paquistão, James Dobbins: "acredito que o Taleban vai continuar sua tentativa de negociar numa posição de força", declarou (Sajjad Hussain/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de junho de 2013 às 12h37.
Nova Deli - Os Estados Unidos afirmaram nesta quinta-feira acreditar que o Taleban continuará a realizar ataques no Afeganistão, apesar das negociações de paz através do novo escritório dos insurgentes no Catar.
Na terça-feira, os Talebans atacaram a presidência afegã e a sede da CIA em Cabul, o que ilustra a fragilidade do processo de paz, uma semana depois de os rebeldes abrirem um escritório de representação política no Catar.
"Francamente, acredito que o Taleban vai continuar sua tentativa de negociar numa posição de força", declarou o enviado especial dos Estados Unidos para o Afeganistão e Paquistão, James Dobbins, numa coletiva de imprensa em Nova Deli.
"O Taleban continuará a pressionar para dar a impressão de que os Estados Unidos vai à mesa de negociações por causa dessa pressão", acrescentou.
Dobbins, que visita a Índia poucos dias depois de o secretário de Estado americano John Kerry, declarou ter conversado com os líderes indianos sobre a incerteza do processo de paz no Afeganistão.
"Eles sentem angústia, angústia que todos nós sentimos. Ninguém sabe como vai evoluir", admitiu Dobbins.
Nova Deli, que teme o retorno do Taleban ao poder após a retirada das tropas estrangeiras em 2014, investiu mais de 2 bilhões de dólares em ajuda ao Afeganistão para combater a influência do Paquistão, que apoiou os fundamentalistas na década de 1990.
Dobbins estima, porém, que as relações entre as duas potências nucleares rivais do sul da Ásia estão se dirigindo para uma melhoria, após anos de desconfiança mútua.
Na política externa, o novo primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, fez da melhoria das relações com a Índia sua "prioridade número um", segundo Dobbins, após reuniões na terça-feira em Islamabad.
"Uma melhora das relações entre Índia e o Paquistão melhoraria quase que automaticamente a situação no Afeganistão", previu Dobbins.