Presidente dos EUA, Donald Trump (Jonathan Ernst/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 8 de maio de 2018 às 15h21.
Última atualização em 8 de maio de 2018 às 15h58.
São Paulo – Depois de dias de muita expectativa, o presidente americano, Donald Trump, anunciou na tarde desta terça-feira, 08, que os Estados Unidos irão sair do acordo nuclear com o Irã, cujas negociações foram concluídas em 2015 ao lado do Irã, Alemanha, Reino Unido, França, China e Rússia. Em linhas gerais, o acordo previa aliviar algumas das sanções impostas ao Irã em troca de limitações para o seu programa nuclear.
"Os Estados Unidos não fazem ameaças vazias", disse Trump, "quando eu faço uma promessa, eu a mantenho", continuou.
O anúncio foi feito em um discurso na Casa Branca em que Trump chamou o acordo de “desastroso”. Em seguida, mencionou as investigações conduzidas por Israel, cujos resultados foram apresentados na semana passada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e que alegam ter encontrado evidências de que o Irã está buscando obter armas nucleares.
O presidente afirmou, ainda, que irá restabelecer as sanções econômicas contra o regime iraniano e que instituirá novas e ainda mais duras medidas contra o país e todos os que atuarem ao seu lado, sem deixar claro se os países envolvidos no pacto (alguns aliados históricos dos EUA) serão afetados, caso permaneçam no âmbito do acordo. Ainda na mesma fala, Trump lembrou que está pronto para negociar um novo documento com os iranianos quando possível.
O presidente republicano sempre se manifestou de forma crítica ao acordo, um dos maiores legados diplomáticos de seu predecessor, o democrata Barack Obama, e chegou a chamá-lo de “o pior já feito”. Entre os pontos que Trump vê como falhos no texto estão o fato de não contemplar o programa de mísseis balísticos do Irã, as suas atividades nucleares a partir de 2025 e a participação e influência em conflitos na Síria e no Iêmen.
É bem verdade que o movimento de Trump está em linha com a proposta para diplomacia delineada por ele durante a sua campanha, o famoso programa “América em Primeiro Lugar” (“America First”). No entanto, é visto como dramática pela comunidade internacional, uma vez que coloca os EUA em uma saia justa com seus aliados e joga ainda mais pólvora no já explosivo Oriente Médio.
A futura conversa com a Coreia do Norte sobre a suspensão do seu programa nuclear é outro ponto que se tornará nebuloso com a decisão de Trump de abandonar o acordo firmado com o Irã. Especialistas especulam se o regime de Kim Jong-un entenderá a ação do presidente americano como um sinal de que não deve confiar nas propostas americanas.