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Estudo aponta emissões de metano maiores que as oficiais

Emissões de metano nos Estados Unidos, um poderoso gás de efeito estufa mais nocivo que o próprio CO2, poderiam ser significativamente maiores do que o indicado

Alimentos em lixão: números oficiais poderiam ter sido subestimados em até 50% (Jean-Christophe Verhaegen/AFP)

Alimentos em lixão: números oficiais poderiam ter sido subestimados em até 50% (Jean-Christophe Verhaegen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2013 às 11h50.

Washington - As emissões de metano nos Estados Unidos, um poderoso gás de efeito estufa, mais nocivo que o próprio CO2, poderiam ser significativamente maiores do que o indicado em estimativas da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês), segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira.

O estudo revelou que os números da EPA poderiam ter sido subestimados em até 50% com relação à real quantidade de gás produzida pelo país.

A discrepância mais impactante, segundo os cientistas, foi detectada na região sul-central dos Estados Unidos, produtora de petróleo, onde os resultados foram quase três vezes superiores às estimativas da EPA.

"Será importante resolver esta discrepância de forma a compreender completamente o impacto das indústrias nas emissões de metano", afirmou o principal autor do estudo, Scot Miller, doutorando da Universidade de Harvard.

O metano é um gás emitido pelo gado, por lixões, mineração de carvão e pela produção e distribuição de gás natural, entre outras atividades naturais e antropogênicas, explicaram os autores. Segundo eles, acredita-se que as atividades humanas contribuam com cerca de 60% do total das emissões.

Os cientistas explicaram que seus números diferem dos oficiais porque usaram uma metologia diferente.


Segundo eles, a EPA usa uma abordagem "de baixo para cima", que multiplica as quantidades tipicamente emitidas, por exemplo, por cada vaca, unidade de carvão ou unidade de gás natural vendida.

Mas neste estudo, os cientistas usaram uma abordagem inversa, "de cima para baixo", calculando quanto metano está presente agora na atmosfera, rastreando, a seguir, suas fontes usando análise meteorológica e estatística.

"Quando nós medimos o gás metano em nível atmosférico, estamos vendo o efeito cumulativo de emissões que estão ocorrendo na superfície de uma região muito vasta", explicou Steven Wofsy, professor de Harvard e co-autor do estudo, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

"Isto inclui as fontes que formavam parte dos inventários de baixo para cima, mas talvez também coisas que não pensavam em medir", explicou.

Na análise, os cientistas usaram dados observados entre 2007-2008, quando os Estados Unidos aumentaram intensamente sua produção de gás natural, e os compararam com números da EPA no mesmo período. Eles pretendem repetir a análise usando dados atuais.

O metano é o segundo mais importante gás de efeito estufa, atrás do dióxido de carbono, aprisionando 70 vezes mais calor do que o CO2 na atmosfera, onde permanece por apenas 10 anos contra os 100 de permanência do CO2.

Os cientistas também incluíram pesquisadores da Universidade de Michigan, do Laboratório de Pesquisas de Sistema Terrestre da NOAA, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley de Pesquisa Ambiental e Atmosférica, da Centro de Pesquisas conjuntas da Comissão Europeia na Itália e da Universidade do Colorado em Boulder.

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