Estudantes chilenos participam de protesto contra o sistema educacional vigente, em Santiago, 8 de maio de 2014 (AFP/Arquivos)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2014 às 18h28.
Milhares de estudantes chilenos, junto com trabalhadores e ecologistas, marcharam nesta quarta-feira no porto de Valparaíso (centro) em protesto à reforma educacional que a presidente Michelle Bachelet defendeu durante sua primeira prestação de contas públicas no Congresso.
A marcha, a segunda realizada no governo de Bachelet, aconteceu sob intensa chuva e frio.
Com bandeiras, gritos e cartazes, milhares de manifestantes chegaram a poucos metros do Congresso, localizado neste porto a cerca de 120 km de Santiago.
A Polícia montou uma forte barreira policial ao redor do parlamento que os estudantes tentaram ultrapassar, resultando em enfrentamentos com policiais que utilizaram gás lacrimogêneo e caminhões com jatos d'água para dispersar a manifestação.
Enquanto os estudantes marchavam, Bachelet apresentava o tradicional informe presidencial anual ao Congresso, onde defendeu a reforma que pretende transformar o atual sistema educacional, fortemente privatizado e segregador, herdado da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Os estudantes desconfiam que a reforma de Bachelet vá atender plenamente às suas demandas de educação gratuita e de qualidade, além de não pôr fim ao lucro nas escolas subvencionadas e nas universidades.
"A reforma fundamental será uma mudança estrutural da educação no Chile em todos os seus níveis", afirmou Bachelet durante um discurso de duas horas no Congresso.
"Onde há direitos não há mercados", dizia um enorme cartaz à frente da marcha organizada pelos estudantes, mas que também contou com a participação de sindicatos de trabalhadores, organizações ambientalistas, além do deputado e ex-dirigente estudantil, Gabriel Boric.
Em Santiago, os estudantes ocuparam o Liceu Darío Salas durante a noite de terça-feira em protesto à reforma do governo, enquanto alunos do Instituto Nacional, emblemático colégio da capital chilena, atravessaram a principal avenida do centro.
"Queremos alertar o governo que não concordamos com a reforma. Achamos que ela deve ser aprofundada", disse Jordi Villalón, presidente do centro estudantil do Darío Salas, à imprensa local.
Em Valparaíso, também protestaram as vítimas do grande incêndio que afetou o porto no começo de abril. Elas se queixam da lentidão do governo na entrega de novas moradias. O incêndio deixou 15 mortos e cerca de 12.500 vítimas. Muitas delas ainda vivem em abrigos, depois de terem perdido todos os seus pertences.