Estudantes exibem faixa durante protesto na Universidade da Chinesa de Hong Kong (Bobby Yip/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2014 às 10h37.
Hong Kong - Milhares de estudantes em Hong Kong iniciaram nesta segunda-feira uma greve de cinco dias para protestar contra as restrições ao direito de voto nas eleições de 2017, impostas pelo governo chinês no final de agosto.
Cerca de 10 mil estudantes, segundo os organizadores, se reuniram na Universidade da Chinesa de Hong Kong para apoiar a paralisação universitária e iniciar o protesto.
"Temos a responsabilidade de estar aqui e de lutar por uma democracia plena para Hong Kong", disse à agência Efe Leanne Lo, estudante de serviço social da Universidade de Hong Kong. A universitária espalhava mensagens pró-democracia pelas paredes da faculdade.
A greve faz parte dos primeiros atos realizados pela campanha de "desobediência civil", lançada por grupos pró-democráticos em 31 de agosto. As manifestações visam uma maior abertura democrática para Hong Kong por parte da China.
A iniciativa surgiu horas depois que o Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China anunciou a instauração do direito ao voto para as eleições ao chefe do governo em Hong Kong em 2017, mas com restrições.
O sufrágio universal oferecido pelas autoridades de Pequim permitirá aos cidadãos de Hong Kong ir às urnas pela primeira vez para escolher um dos dois ou três candidatos disponíveis. No entanto, esses políticos precisam ser previamente selecionados por uma comissão especial formada por 1.200 membros.
Foi o anúncio da pré-seleção de candidatos, comandada pelo governo de Pequim, que levou os milhares de estudantes a iniciarem a greve nesta segunda-feira.
"Não descartamos greves de trabalhadores ou boicotes fiscais", afirmou Nathan Leung, membro da organização Ação Socialista, que tenta reunir cada vez mais estudantes para aderirem à causa.
Organizados pela Federação de Estudantes de Hong Kong e pela associação Scholarism, jovens de 25 instituições universitárias integram a campanha de desobediência civil, com o consentimento de aproximadamente 400 professores e pessoas de fora do meio acadêmico.
De acordo com as explicações de Alex Chow Yong Kang, um dos organizadores do movimento, as principais reivindicações da greve são que Pequim volte atrás na reforma política proposta para Hong Konga e que a população possa sugerir os candidatos para as eleições de 2017. Caso isso não ocorra, a greve deverá pedir a renúncia do atual chefe de governo.
"A greve de estudantes pode durar só uma semana, mas haverá mais mobilizações futuramente", anunciou.
A partir desta terça-feira, os manifestantes levarão os protestos para os arredores dos escritórios do governo de Hong Kong, onde permanecerão durante os próximos quatro dias. A expectativa é que mais acadêmicos e ativistas pró-democracia integrem a manifestação.
O chefe do governo de Hong Kong, CY Leung, já advertiu há poucos dias que os protestos poderiam pôr em risco o direito ao voto proposto por Pequim para escolher seu sucessor.
Além disso, líderes empresariais também condenaram os planos do movimento Occupy Central, que tenta paralisar o centro financeiro de Hong Kong com protestos a qualquer momento.