Mundo

Estudante brasileira é assassinada a tiros na Nicarágua, diz Universidade

"A morte desta moça é um sinal que contradiz o que Ortega disse, que tudo está normal. Há paramilitares por todos lados", disse o reitor da UAM

O assassinato ocorre em meio a uma crise sociopolítica com manifestações contra o presidente Daniel Ortega (Jorge Cabrera/Reuters)

O assassinato ocorre em meio a uma crise sociopolítica com manifestações contra o presidente Daniel Ortega (Jorge Cabrera/Reuters)

E

EFE

Publicado em 24 de julho de 2018 às 12h43.

Última atualização em 24 de julho de 2018 às 12h46.

Manágua - Uma estudante brasileira foi assassinada na noite de segunda-feira na Nicarágua, vítima de tiros de "um grupo de paramilitares" no sul da capital Manágua, segundo informou nesta terça-feira o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina.

Raynéia Gabrielle Lima, estudante do sexto ano de Medicina, morreu com "um tiro no peito que afetou o coração, o diafragma e parte do fígado", disse o reitor ao canal 12 da televisão local.

O assassinato ocorre em meio a uma crise sociopolítica com manifestações contra o presidente Daniel Ortega. A repressão governamental aos protestos já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.

"É preciso dizer isso, paramilitares que estavam na casa de Chico (Francisco) López foram os que dispararam", disse o presidente.

López, tesoureiro do partido governante, Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), e até pouco tempo atrás gerente de duas grandes empresas estatais relacionadas com o petróleo e o setor construção, foi afetado pelo Global Magnitsky Act, dos Estados Unidos, que o acusou de graves violações aos direitos humanos.

A brasileira morava na mesma área que López, uma região ao sul da capital nicaraguense.

"As forças paramilitares sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada, eles andam sequestrando e fazendo batidas", denunciou o reitor.

O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de Medina participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril "era parte de uma farsa" porque "nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça".

"A morte desta moça é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua, contradiz o que Ortega disse (em entrevista à "Fox News"), que tudo está normal, mas é uma paz de mentira, há paramilitares por todos lados", argumentou o reitor.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) responsabilizaram o governo da Nicarágua por "assassinatos, execuções extrajudiciais, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias".

A Nicarágua está imersa na crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 80, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).

Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram no dia 18 de abril devido a fracassadas reformas na Previdência Social e se transformaram em um grande pedido de renúncia ao presidente, que acumula 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrise políticaMortesNicaráguaProtestosProtestos no mundo

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru