Mundo

Estuários poderiam fornecer 13% da necessidade energética mundial

Pesquisadores de Stanford, nos EUA, desenvolveram uma bateria que aproveita a diferença de salinidade entre a água doce dos rios e a salgada do mar para produzir energia

Pororoca, no encontro das águas do Rio Amazonas com o Oceano Atlântico, no Pará: água salobra é fonte potencial de eletricidade, aponta estudo americano. (Divulgação/São Domigos do Capim)

Pororoca, no encontro das águas do Rio Amazonas com o Oceano Atlântico, no Pará: água salobra é fonte potencial de eletricidade, aponta estudo americano. (Divulgação/São Domigos do Capim)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 31 de março de 2011 às 10h30.

São Paulo - Que as ondas oceânicas, em seu vai e vem constante, são uma boa fonte de energia renovável, ninguém dúvida. O potencial de geração de eletricidade dos rios, através de hidrelétricas, também está cristalizado. Mas um novo aproveitamento das águas que correm pelo planeta desponta no horizonte.

Nesta semana, pesquisadores da universidade de Standford, nos EUA, anunciaram ter desenvolvido uma tecnologia capaz de aproveitar a diferença de salinidade entre a água doce dos rios e a salgada do mar, que acontece, por exemplo, nos estuários, para produzir eletricidade.

O processo se baseia no princípio da entropia, onde a energia é criada a partir da mistura de sal e água fresca. Para isso, os cientistas usam uma bateria que consiste em dois eletrodos - um positivo, outro negativo - imersos em um líquido contendo partículas eletricamente carregadas (íons).

Inicialmente, a bateria está cheia de água doce e uma pequena corrente elétrica é aplicada para carregá-la positivamente. A água doce é então drenada e substituída por água salgada do mar, que contém de 60 a 100 vezes mais íons do que a primeira. Essa diferença de salinidade aumenta o potencial elétrico, ou tensão, entre os dois eletrodos, o que torna possível a geração uma grande quantidade de energia elétrica. A bateria foi fabricada com nanofios de óxido de manganês e eletrodos de prata, que garantem maior captação de energia.

Em seus experimentos de laboratório, a equipe usou água do mar coletada do Oceano Pacífico na costa da Califórnia e água doce do lago Donner, no alto da Sierra Nevada. Eles conseguiram 74% de eficiência na conversão da energia potencial na bateria em eletricidade. Mas, de acordo com artigo publicado no site da Universidade, é possível ir além, chegando a 85% de aproveitamento.

Segundo os pesquisadores, qualquer lugar no mundo onde água doce dos rios encontra o mar salgado poderia receber uma usina com essa tecnologia. Uma única central seria suficiente para fornecer eletricidade para cerca de cem famílias. Se todos os estuários do mundo fossem explorados, diz o texto, seria possível produzir cerca de 2 terawatts de eletricidade por ano - cerca de 13 por cento do consumo de energia mundial atualmente.

Mas é na América do Sul que reside o maior potencial, por causa do Rio Amazonas, que drena grande parte da água doce do continente e desagua no Oceano Atlântico. Também são regiões promissoras a África, que possui uma abundância de rios, assim como Canadá, Estados Unidos e Índia.

Acompanhe tudo sobre:EnergiaEnergia elétricaServiçosSustentabilidadeTecnologias limpas

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA