Jung Joon-young: cantor foi condenado por estupro coletivo e distribuição de vídeos das agressões (YouTube/Reprodução)
AFP
Publicado em 29 de novembro de 2019 às 13h16.
Última atualização em 29 de novembro de 2019 às 15h58.
O cantor e compositor sul-coreano Jung Joon-young foi condenado nesta sexta-feira por estupro coletivo e distribuição de vídeos das agressões e de outros encontros sexuais, e terá de cumprir seis anos de prisão em um escândalo que abalou o mundo do K-pop.
Jung e Choi Jong-hoon, ex-membro da boy band FT Island, foram considerados culpados por estuprar duas vítimas diferentes em duas ocasiões em 2016.
Separadamente, Jung, 30 anos, também foi condenado por filmar a si mesmo fazendo sexo com outras mulheres sem o conhecimento delas e por compartilhar as imagens sem o consentimento delas.
Esse é um dos casos de maior destaque desse tipo de crime de uso de câmeras escondidas na Coreia do Sul, o que provocou uma revolta generalizada e várias manifestações de mulheres em Seul sob o lema "Minha vida não é seu pornô".
Jung distribuiu seus vídeos em salas de bate-papo que incluía o colega de K-pop Seungri, da BIGBANG, acusado de jogo ilegal em conexão com um escândalo de sexo e drogas.
Jung pegou seis anos de prisão e Choi, 29 anos, cinco, segundo o tribunal central de Seul.
"Jung e Choi participaram de um estupro coletivo de vítimas intoxicadas e incapazes de resistir", disse a agência de notícias Yonhap, informando o veredicto, que rejeitou a alegação dos acusados de que o sexo era consensual.
"É difícil compreender a extensão do sofrimento que as vítimas devem ter passado", afirmou ainda a corte.
Os dois cantores são muito populares, mas consideraram as vítimas apenas como "objetos sexuais" a serem explorados, acrescentou a corte.
"Eles devem assumir a responsabilidade social proporcional a sua fama e riqueza", afirmou ainda.
Os dois homens choraram quando as sentenças foram anunciadas.
Como a sentença mínima para estupro na Coreia do Sul é de três anos, a maioria dos analistas afirmou que a penas desse crime foram muito brandas.
"As vítimas precisam viver em agonia pelos próximos 60 anos, e não apenas seis", afirma uma postagem no maior site do país, o Naver. Outra acrescentou: "Ouvi dizer que eles choraram ao ouvir a sentença. As vítimas viverão em lágrimas pelo resto da vida".
Jung ganhou fama em 2014, quando ficou em terceiro no programa de talentos "Super Star K" e teve vários sucessos solo antes do escândalo do vídeo em março, quando anunciou sua retirada da vida artística.
Na época, as acusações de estupro ainda não haviam ganhado conhecimento geral, mas ele comentou que "havia cometido crimes que não poderiam ser perdoados".
"Peço desculpas às mulheres vítimas que estão sofrendo por minha causa e aos fãs", declarou, acrescentando que "passaria o resto da vida refletindo sobre os erros".
Não houve declarações imediatas de seus advogados ou de sua gravadora após o anúncio da condenação.
Conhecidos como "molka", os vídeos de câmeras escondidas são em grande parte feitos por homens que registram secretamente mulheres em escolas, banheiros e em outros lugares, embora o termo também possa ser aplicado a imagens clandestinas de sexo consensual.
O veredicto desta sexta-feira ocorreu poucos dias após a morte de Goo Hara, uma ex-integrante do grupo Kara, em um aparente suicídio depois de ter sido chantageada por "pornografia de vingança" - vídeos de sexo privados feitos com ou sem consentimento, mas compartilhados sem a permissão do ex-parceiros.
O ex-namorado de Goo ameaçou no ano passado"acabar com sua carreira no entretenimento" ao vazar as imagens dos dois fazendo sexo depois que se separaram, e um vídeo exibido pela CCTV a mostrava ajoelhada diante dele, aparentemente implorando para que não fizesse isso.
Mais tarde, ele foi condenado por chantagem.
Em uma Coreia do Sul muito conservadora, as mulheres que aparecem nesses vídeos costumam sentir profunda vergonha, apesar de serem vítimas e enfrentarem a ameaça de ostracismo e isolamento social.
Cerca de 5.500 pessoas foram presas por crimes do tipo "molka" no ano passado, 97% delas homens, segundo dados da polícia.