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Estímulo do Fed à economia dos EUA termina em fracasso

Críticos do programa afirmam que medidas provocaram a alta dos alimentos e dos combustíveis, principalmente para emergentes

Bernanke, do Fed: especialistas comparam plano de liquidez do órgão a imprimir dinheiro (Chip Somodevilla/Getty Images)

Bernanke, do Fed: especialistas comparam plano de liquidez do órgão a imprimir dinheiro (Chip Somodevilla/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2011 às 17h29.

Nova York - O plano de 600 bilhões de dólares do Federal Reserve (Fed), destinado a ajudar a economia americana, termina nesta quinta-feira, depois de gerar muita controvérsia, mas tendo pouco efeito nos empregos e no crescimento.

Críticos do programa, apelidado de "QE2", afirmam que as medidas impulsionaram os preços dos alimentos e dos combustíveis, criando bolhas nesses ativos em economias emergentes como China e Brasil, e desvalorizando o dólar.

Mesmo aqueles mais favoráveis ao QE2 afirmam que este não teve muito impacto, notando que o desemprego nos EUA continua alto, em 9,1%, e o crescimento fraco, a 1,9% no primeiro trimestre.

"O QE2 foi um erro terrível, e acredito que foi contraprodutivo para o crescimento econômico", disse John Ryding, economista-chefe da RDQ Economics.

"Aumentou a inflação, e isso pressionou as pessoas que precisam pagar suas dívidas."

A ideia por trás do QE2 foi a de que o Fed colocaria um grande montante de dinheiro na economia comprando títulos do Tesouro americano na posse dos bancos.

Comprar os títulos daria mais dinheiro para os bancos emprestarem, derrubando os juros de longo prazo. Isso, por sua vez, encorajaria as empresas a tomar empréstimos mais baratos e investir em fábricas, equipamentos e trabalhadores.

Diferentemente de pessoas comuns, quando o Fed compra títulos isso simplesmente gera dinheiro com um clique. Críticos afirmam que isso é o equivalente a imprimir dólares, mas o Fed chama a medida de "alívio quantitativo".

Após o ápice da crise financeira em 2008, o Fed começou seu primeiro turno de "alívio quantitativo", uma medida emergencial que injetou cerca de 1 trilhão de dólares na economia.


Quando parecia que a economia ainda estava frágil em 2010, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, lançou uma segunda injeção de 600 bilhões de dólares - apelidada de "QE2".

Apesar das críticas de economistas conservadores e políticos, o Fed iniciou suas compras de títulos em novembro, comprando em torno de 75 bilhões de dólares em papéis mensalmente até junho.

Muitos líderes mundiais, especialmente nos mercados emergentes, reclamaram que o plano tinha como efeito o aumento da oferta de dólares, o que desvalorizou a moeda, tornando as exportações americanas mais baratas e as exportações desses países menos competitivas.

"Não tem propósito jogar dinheiro de um helicóptero", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, enquanto o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, denunciou o QE2 como "hooliganismo".

O QE2 teve amplos efeitos, nem todos previstos. Os mercados de ações subiram, com o Dow Jones Industrial Average em alta de mais de 20% desde que Bernanke propôs o QE2 em agosto até seu pico em maio.

Os preços das commodities também subiram, prejudicando os consumidores que passaram a gastar mais com comida e combustível, apesar de economistas debaterem sobre o quanto desse fenômeno foi causado pelas políticas do Fed ou pelo aumento da demanda e a redução da oferta.

Detonada pelos preços das commodities, os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram 3,6%, enquanto em muitos países em desenvolvimento subiu ainda mais.


Os bancos ganharam muita liquidez, graças ao QE2 e taxas de juros próximas de zero, mas isso não se traduziu em aumento dos empréstimos para as pequenas empresas, enquanto as grandes corporações não precisam desse dinheiro, afirmam críticos.

"Política monetária... não tem muito impacto se as grandes empresas americanas estão cheias de trilhões de dólares em dinheiro, mas não querem investir nem contratar", disse Peter Morici, um economista da Universidade de Maryland.

Com o objetivo do Fed de baixar as taxas de juros de longo prazo, o efeito foi modesto. O QE2 reduziu as taxas das hipotecas em até 0,3 ponto percentual, disse Dean Baker, diretor do Center for Economic and Policy Research.

"Não ajudou muito. Provavelmente houve alguns donos de residências que tiraram vantagem disso para refinanciar", declarou Baker.

Bernanke defende o QE2, afirmando que era extremamente necessário no ano passado para evitar uma espiral deflacionária como a experimentada pelo Japão durante sua "década perdida", os anos 1990.

"A compra de títulos foram bem sucedidas em eliminar o risco de deflação", disse a reporteres na semana passada.

Bernanke disse que a recuperação foi paralisada devido a fatores temporários como o terremoto no Japão e as revoltas no Oriente Médio. Alguns economistas concordam.

"Os efeitos do QE2 nas taxas de juros foram relativamente pequenos, e portanto seus efeitos na economia foram diminuídos por coisas como a crise da dívida europeia, Líbia e Japão", disse Justin Wolfers, economista da escola de negócios Wharton.

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