Mundo

Este é o impacto estimado do fim do apetite chinês por lixo plástico

Mais de metade do lixo plástico gerado no mundo tinha como destino a China. Mas isso começou a mudar

Pilhas de lixo plástico comprimido em um centro de reciclagem chinês.  (Natalie Behring/Getty Images)

Pilhas de lixo plástico comprimido em um centro de reciclagem chinês. (Natalie Behring/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 28 de junho de 2018 às 14h52.

Última atualização em 28 de junho de 2018 às 15h08.

São Paulo - No começo de 2018, entrou em vigor na China uma lei nacional que proíbe permanentemente a importação de resíduos plásticos não industriais. Desde a década de 1980, o país tornou-se o maior importador mundial de “lixo estrangeiro”, especialmente resíduos plásticos, além de eletroeletrônicos, têxteis e papel.

Agora, cientistas da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, calcularam o impacto global potencial dessa legislação. O estudo estima que, para os próximos 10 anos, cerca de 111 milhões de toneladas de lixo plástico serão afetadas pela proibição de importações.

É um saldo pesado, que demandará mudanças na forma como os países usam e descartam materiais plásticos, incluindo o redesenho de programas de reciclagem mais robustos.

Estima-se que apenas 9% de todo o plástico já produzido no mundo foi reciclado, e a maioria acaba em aterros sanitários ou poluindo o meio ambiente. Desde 1992, a China recebeu cerca de 106 milhões de toneladas de resíduos plásticos, o que representa quase metade das importações de resíduos plásticos do mundo.

Segundo a pesquisa, publicada recentemente na revista Science Advancespaíses de renda elevada na Europa, Ásia e Américas respondem por mais de 85% de todas as exportações globais de resíduos plásticos. Globalmente, a União Européia é a maior exportadora.

O influxo colossal de resíduos na China gerou cidades inteiras dedicadas à cadeia de reciclagem, porém, em condições que estão longe do ideal. Ambiente insalubre de trabalho, uso de mão de obra infantil, ausência de equipamentos de proteção (como máscaras e luvas) são comuns nos centros de triagem.

Uma dessas cidades foi destacada no aclamado documentário “Plastic China”, de Wang Jiuliang, que foi exibido no Sundance Film Festival no ano passado. O filme desencadeou uma onda de críticas da população na China – e analistas dizem que a produção, embora banida da internet chinesa, pode ter desempenhado um papel importante para Pequim repensar seu papel na indústria global de resíduos.

yt thumbnail

A expectativa é que a proibição sobre as importações impulsione melhores medidas de descarte e reciclagem na China e, também, nos países exportadores. Porém, resíduos barrados em solo chinês estão encontrado nova morada em outras nações asiáticas.

É o caso das montanhas e montanhas de resíduos importados que entraram na Tailândia desde que a proibição chinesa entrou em vigor, em janeiro, incluindo 120 mil toneladas de resíduos plásticos e 37 mil toneladas de lixo eletroeletrônico. 

Atentas ao risco da Tailândia  se tornar um nova "lixeira mundial", autoridades locais seguiram o exemplo chinês e anunciaram, nesta semana, uma suspensão temporária  para importações de resíduos plásticos e eletroeletrônicos.

“Já temos muito lixo aqui na Tailândia. Não é nosso ônus trazer essa poluição do resto do mundo para a próxima geração de tailandeses”, disse o vice-chefe de polícia da Tailândia, Wirachai Songmetta, em entrevista ao The Guardian.

Diariamente, mais de 20 contêineres de lixo eletrônico chegam nos portos tailandeses, e, segundo o jornal britânico, nos próximos meses o governo tailandês planeja aprovar legislação para proibir o lixo eletrônico estrangeiro e resíduos plásticos de entrar no país.  Não dá mais para varrer a sujeira para debaixo do tapete. 

Acompanhe tudo sobre:Meio ambientePlásticosSustentabilidade

Mais de Mundo

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

Milei insiste em flexibilizar Mercosul para permitir acordos comerciais com outros países

Trump escolhe Stephen Miran para chefiar seu conselho de assessores econômicos