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Estatuto de Jerusalém é tema espinhoso no centro do conflito palestino

ONU considera que Jerusalém Oriental é ocupada por Israel e, assim, embaixadas não devem residir na Cidade Santa até que seja resolvida questão do estatuto

Jerusalém: judeus consideram que Jerusalém é a sua capital há mais de 3.000 anos (Ammar Awad/Reuters)

Jerusalém: judeus consideram que Jerusalém é a sua capital há mais de 3.000 anos (Ammar Awad/Reuters)

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AFP

Publicado em 14 de maio de 2018 às 18h25.

Os Estados Unidos inauguraram nesta segunda-feira (14) a sua embaixada em Jerusalém, satisfazendo os israelenses ao confirmar o reconhecimento pelo presidente Donald Trump de sua cidade como capital, e desagradando os palestinos que denunciam um "ato hostil" contra o direito internacional.

Veja a seguir alguns pontos-chave para entender o porquê essa transferência desata tantos conflitos.

História e religião

Os judeus consideram que Jerusalém é a sua capital há mais de 3.000 anos. Desde a destruição do Segundo Templo pelos romanos no ano 70 d.C. e a dispersão do povo judeu, o Judaísmo sempre mencionou um retorno a Jerusalém. "No ano que vem, em Jerusalém" é uma frase comum nesta região.

Para os israelenses, a decisão americana é um reconhecimento - tardio - de uma realidade histórica.

Os palestinos, que representam mais de um terço da população da cidade, reivindicam Jerusalém como a capital do Estado ao qual aspiram.

A direção palestina considera que a iniciativa americana representa o auge da parcialidade pró-israelense da administração Trump e viola o direito internacional. Além disso, dizem que desacredita os Estados Unidos no papel de mediador da paz. O presidente palestino, Mahmud Abbas, suspendeu as relações com os funcionários americanos de alto escalão.

A religião exacerba a situação: Jerusalém é santa para cristãos, judeus e muçulmanos, e abriga lugares sagrados para as três religiões.

Um estatuto disputado

Um plano aprovado pela ONU em 1947 previa a divisão da Palestina, na época sob o comando britânico, em três entidades: um Estado árabe, um Estado judeu e Jerusalém sob controle internacional. O plano foi aceito pelos dirigentes sionistas, mas rejeitado pelos árabes.

Após a partida dos britânicos e a primeira guerra árabe-israelense, em 1948 foi criado o Estado de Israel, que um ano mais tarde designou Jerusalém Ocidental como sua capital. A parte Oriental da cidade permanecia sob o controle da Jordânia.

Israel se apoderou de Jerusalém Oriental durante a guerra de 1967 e a anexou. Os israelenses dizem então ter "reunificado" a cidade.

Uma lei fundamental israelense aprovada em 1980 proclama Jerusalém capital "eterna e indivisível" de Israel.

Mas o Conselho de Segurança da ONU declarou esta lei "nula e inválida", e pediu que todos os Estados que tivessem sua missão diplomática em Jerusalém a retirassem.

A ONU considera que Jerusalém Oriental é ocupada por Israel e, portanto, as embaixadas não devem residir na Cidade Santa até que seja resolvida a questão do estatuto mediante negociações entre israelenses e palestinos.

 A posição dos Estados Unidos

O Congresso dos Estados Unidos adotou em 1995 uma lei que estabelece que "Jerusalém deve ser reconhecida como capital de Israel" e que a embaixada americana deveria ser transferida a esta cidade em 31 de maio de 1999, o mais tardar. Desde então, os presidentes americanos postergaram duas vezes por ano a mudança de seis meses até a decisão oficializada por Trump, em 6 de dezembro de 2017.

Em 21 de dezembro, a Assembleia Geral da ONU adotou por ampla maioria uma resolução que condenava o reconhecimento americano de Jerusalém como capital de Israel.

Apesar desta reprovação internacional e da indignação palestina, Washington alegou que esta decisão unilateral favoreceria a busca pela paz, eliminando o que apresenta como um obstáculo nas negociações.

No fim de fevereiro, o presidente Trump proclamou: "Jerusalém era o tinha que ser feito. Solucionamos o tema".

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