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Estados Unidos é o país que mais atrai imigrantes na OCDE

Crise de 2008 levou a uma queda nas remessas em todas as regiões, com exceção da Ásia

Viajantes: 16 países atraem mais de 70% dos potenciais migrantes (Getty Images)

Viajantes: 16 países atraem mais de 70% dos potenciais migrantes (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 31 de outubro de 2012 às 13h55.

São Paulo - Entre os países da OCDE, o Estados Unidos é o principal destino para imigrantes, segundo relatório divulgado pela Organização. O país é responsável por 20% do fluxo. Na sequência, está a Alemanha (11%), segundo o relatório “Connecting with Emigrants, a global profile of diasporas” (veja tabela com os cinco principais destinos no final da página) A publicação da OCDE analisou a situação em 140 países.

Os fluxos migratórios de todas as regiões aumentaram após o ano 2000, segundo o relatório, especialmente entre os países da OCDE e os da Ásia. Os fluxos da América Latina e do Caribe subiram em 2006 e o começaram a cair, retornando ao nível de 2000 em 2010, por causa da crise que afetou os dois principais destinos: Estados Unidos e Espanha. 

A crise também afetou as remessas de dinheiro. A crise de 2008 levou a uma queda nas remessas em todas as regiões, exceto a Ásia. Nos anos seguintes as remessas voltaram a crescer, mas sem alcançar os níveis pré-crise novamente - as remessas para todas as regiões mais que dobraram entre 2000 e 2010, segundo o relatório. 

Em 2010, cerca de cinco milhões de pessoas se realocaram para os países da OCDE, segundo o relatório. Do total, um de cada três imigrantes era de outro país integrante da OCDE (1,6 milhões de pessoas), depois, em quantidade, estavam os asiáticos (1,3 milhões de pessoas). O número de migrantes internacionais passou de 77 milhões de pessoas em 1960 para 214 milhões em 2010 (um crescimento de 177%, segundo as estimativas da OCDE). 

Um grupo de 16 países atrai mais de 70% dos potenciais migrantes. Cerca de 23% dos potenciais migrantes (145 milhões de adultos) indicou o Estados Unidos como o país onde desejavam morar. Canadá, Reino Unido, França, Espanha e Austrália aparecem como o destino preferido de pelo menos 25 milhões de adultos.

Cerca de 14% dos adultos gostaria de se mudar para outro país se tivesse a oportunidade, segundo pesquisa Gallup feita entre 2008 e 2010. Mas, desse total, apenas 8% planejava realizar a mudança no próximo ano – e, desses, 39% estava engajado nas preparações necessárias, como vistos e passagens. 

Já nos países da África subsaariana, um em cada três gostaria de migrar permanentemente – a maior porcentagem de todas as regiões. Essa vontade de migrar caiu levemente na América do Sul e Central e no sudeste da Ásia entre 2007 e 2010 e permaneceu estável para pessoas vivendo em outras regiões, segundo o relatório.

O relatório prevê que a migração internacional deve se intensificar nas próximas décadas, em decorrência da pressão demográfica nos países em desenvolvimento e de um aumento na demanda nos países desenvolvidos, por causa do envelhecimento da população. 

Veja os principais destinos dentro da OCDE:

País Fluxo
Estados Unidos 20%
Alemanha 11%
Espanha 9%
Itália 8%
Reino Unido 6%

Empregos


Em muitos países da OCDE, as dificuldades para trabalhar aumentaram com a crise econômica. O relatório chama a atenção para o fenômeno da “super qualificação”, os trabalhadores que aceitam vagas inferiores ao seu nível educacional. “Migrantes com alto nível educacional tendem a estar mais expostos a esse problema do que os nativos”, afirma o relatório. Na média dos países da OCDE, 30% dos migrantes com diploma universitário estavam trabalhando em trabalhos que requeriam nível intermediário de estudos ou baixo, comparado a 21% dos nativos. 

As populações migrantes com a maior parcela de graduados na universidade vem de Taipei, na China (70%), Índia (635) e Nigéria (61%). A população migrante com os menores níveis educacionais vem do México (7%), Turquia (8%) e Portugal (9%). 

Nos países da OCDE, a média de emprego para migrantes (entre 15 e 64 anos) alcançou 59% em 2005/2006. O emprego depende da região de origem do migrante. Juntas, Namíbia, Zimbabwe. Moçambique e África do Sul tem a maior taxa de emprego na área da OCDE: acima de 75%. Regionalmente, lideram os migrantes da América Latina e da África subsaariana. Cada uma dessas regiões tem 65%.  As menores taxa de emprego são observadas entre os migrantes do Oriente Médio e do norte da África (Arábia Saudita, Catar, Líbia e Argélia, com menos de 40%, cada). 

Remessas

Em 2010, as maiores remessas de valores no mundo foram transferidas para a Ásia e para os países da OCDE, segundo o relatório. Essas transferências foram nove e sete vezes maiores que as destinadas à África Sub-saariana e cerca de quatro vezes maiores quando comparadas às remessas enviadas para outras regiões.  As maiores remessas foram transferidas para a Índia e para a China (54 bilhões de dólares e 53 bilhões em 2010, respectivamente). Para a América Latina, foram 38 bilhões de dólares. Em alguns países (Tajiquistão, Lesoto, Nepal, Líbano e Kirgiquistão) as remessas representam mais de 20% do PIB per capita. 

O relatório afirma que, em algumas condições, o capital humano das migrações pode ser uma fonte importante de desenvolvimento econômico no país de origem. O dinheiro enviado pelas remessas dos trabalhadores em outros países serve para o consumo imediato das famílias mas também é usado para saúde e educação, especialmente dos filhos, o que faz esse dinheiro ter um impacto direto na acumulação de capital humano. 

A “área da OCDE” engloba seus 34 países-membros: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Coreia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Japão, Luxemburgo, México, Noruega, Nova Zelândia, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Suécia, Suíça e Turquia.

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