Trump comunicou sua decisão de desligar os EUA do pacto de Paris argumentando que a medida ameaça milhões de empregos e a produtividade (Mike Schmidt)
Reuters
Publicado em 2 de junho de 2017 às 11h01.
São Francisco - Governadores e prefeitos de diversos Estados e cidades dos Estados Unidos não hesitaram em assumir a liderança da luta contra as mudanças climáticas no país depois que o presidente Donald Trump anunciou que os EUA irão sair do acordo do clima de Paris.
As autoridades disseram que, coletivamente, podem mostrar à comunidade internacional que a nação continua comprometida a cortar as emissões de gases que os cientistas culpam pelo aquecimento global.
Governadores citaram medidas como o esforço da Califórnia para obter 100 por cento de sua eletricidade de fontes renováveis, os Estados do nordeste que estudam reduzir o consumo máximo permitido de carbono e as medidas em que o Oregon trabalha para estabelecer um preço para o carbono.
"Existe uma rota aqui na qual o resto da América, em reação ao que realmente é uma decisão insana do presidente Trump, adota o tipo de medidas necessárias", disse o governador da Califórnia, Jerry Brown, à Reuters.
Mais Estados podem seguir o exemplo da Califórnia e do vizinho Oregon adotando padrões de combustíveis de baixo carbono, ampliando as exigências de veículos com emissão zero e possivelmente fundindo medidas anticarbono como impostos, tetos e comércio, disseram os governadores e analistas.
"Existe a possibilidade de que, com o tempo, os Estados possam aumentar os mercados de comércio de emissões e fundi-los, inclusive através de fronteiras nacionais, como aconteceu no Québec e na Califórnia", disse o governador de Washington, Jay Inslee, em entrevista à Reuters, referindo-se aos sistemas de comércio de carbono regionais já em vigor no nordeste e no oeste.
Inslee, Brown e Andrew Cuomo, governador de Nova York, anunciaram a criação de uma "aliança climática" de Estados comprometidos com as metas do acordo de Paris.
Trump comunicou sua decisão de desligar os EUA do pacto de Paris argumentando que sua exigência de cortar emissões de dióxido de carbono dos EUA ameaça milhões de empregos e a produtividade. Ele ainda disse que irá iniciar um processo que pode levar quatro anos para romper com o acordo, que foi assinado por quase todos os outros países da Terra.
O presidente mencionou o declínio dos empregos na indústria de carvão como exemplo de seu temor de que o compromisso climático esteja prejudicando os trabalhadores norte-americanos, mas críticos de seu gesto ressaltaram que as indústrias de energia renovável, especialmente a solar, estão criando centenas de milhares de vagas -- muitas mais do que as atualmente existente no setor carvoeiro.
Brown está indo para a China nesta sexta-feira para chefiar uma conferência de Estados e outros participantes "subnacionais" que estão assumindo compromissos voluntários para reduzir os gases de efeito estufa.