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Estado Islâmico não tem fundos para manter territórios

Segundo especialistas, militantes podem acabar perdendo a guerra no Iraque e na Síria por não terem dinheiro suficiente para administrar os território

Militantes do Estado Islâmico durante parada militar pelas ruas de Raqqa, no norte da Síria (Reuters)

Militantes do Estado Islâmico durante parada militar pelas ruas de Raqqa, no norte da Síria (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2014 às 15h45.

Londres - Militantes do Estado Islâmico podem acabar perdendo a guerra no Iraque e na Síria por não terem dinheiro suficiente para administrar os territórios sob seu controle, apesar de terem bens no valor de mais de 2 trilhões de dólares, disseram especialistas em terrorismo internacional.

Os custos administrativos, como pagamento de funcionários civis e militares, manutenção de estradas, escolas, hospitais, rede de eletricidade e água, estão muito além do alcance dos radicais sunitas, afirmou Jean-Charles Brisard, especialista em financiamento terrorista e consultor de inteligência empresarial.

"Isso significa que provavelmente chegará um momento no qual a população poderia se voltar contra o Estado Islâmico, o que não é o caso presente, especialmente... no Iraque", disse Brisard em uma entrevista na quinta-feira.

Os líderes tribais sunitas do Iraque podem selar o destino dos militantes islâmicos, acrescentou. Em 2006 e 2007, eles tiveram um papel crucial no combate ao grupo, então chamado Al Qaeda no Iraque, com apoio dos Estados Unidos.

Desde então, entretanto, o apoio ao Estado Islâmico aumentou, sobretudo entre líderes tribais iraquianos ressentidos por terem sido escanteados pelo governo de maioria xiita do ex-primeiro-ministro Nuri al-Maliki.

O cenário político no Iraque e na Síria levou à ascensão do grupo radical e à captura de territórios nos dois países, “e isso pode decidir seu destino amanhã”, de acordo com o relatório da Thomson Reuters “Estado Islâmico: O Financiamento Terrorista Baseado na Economia”.

O relatório foi divulgado no começo deste mês por Brisard e Damien Martinez, diretor de vendas da Thomson Reuters Risk no leste da Europa e coautor de “Zarqawi: O Novo Rosto da Al-Qaida”.

O Estado Islâmico é a organização terrorista mais rica do mundo, com uma renda estimada em cerca de 2,9 bilhões de dólares por ano, grande parte derivada de petróleo, gás e de projetos agrícolas que controla. O grupo gerencia fábricas, refinarias de petróleo e até bancos.

Os ataques aéreos liderados pelos EUA estão alvejando militantes em solo iraquiano e sírio, mas os norte-americanos não querem interromper as atividades econômicas em áreas controladas pelo grupo, afirmou Brisard.

Os EUA não estão atacando caminhões de petróleo, por exemplo, porque se matarem os motoristas a população local pode se voltar contra os norte-americanos, segundo o relatório.

O Estado Islâmico recebe cerca de 30 milhões de dólares por mês, ou 12 por cento de sua renda total, de extorsões, de acordo com o documento.

A renda do petróleo representa 38 por cento, o gás 17 por cento, sequestros e resgates 4 por cento e doações outros 2 por cento. O restante vem de gás, produtos de fosfato, cimento, trigo e cevada, disse o relatório.

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