Exército do Iraque a caminho de Mosul: segunda maior cidade do país está sob controle dos extremistas do EI desde 2014
Gabriela Ruic
Publicado em 17 de outubro de 2016 às 12h25.
Última atualização em 4 de novembro de 2016 às 10h19.
São Paulo – Após meses de preparação, o Iraque deu início nesta manhã a ofensiva mais importante desde o início da guerra contra o Estado Islâmico: a batalha por Mosul, a segunda maior cidade do país que está sob controle dos extremistas desde junho de 2014.
The hour has struck. The campaign to liberate Mosul has begun. Beloved people of Mosul, the Iraqi nation will celebrate victory as one
— Haider Al-Abadi (@HaiderAlAbadi) 17 de outubro de 2016
Organizada com o auxílio do exército dos Estados Unidos e com o apoio de ataques aéreos da coalizão, a operação para libertar a cidade de 1,5 milhão de pessoas terá o exército do Iraque como protagonista. Os soldados atuarão por terra em conjunto com forças curdas e milícias populares.
Segundo a Reuters, foram reunidos ao menos 30 mil combatentes para combater um número estimado de até 7 mil extremistas. A expectativa é que a batalha dure algumas semanas e vem sendo considerada por autoridades dos EUA como a maior operação militar em curso no Iraque desde a invasão americana em 2003.
Para o Iraque, a batalha é também a chance de reverter a derrota vergonhosa sofrida há dois anos, quando soldados do país abandonaram os seus postos, entregando a cidade aos extremistas do EI.
Já para os militantes do grupo, o domínio da cidade é simbólico e estratégico. Em 2014, foi na principal mesquita de Mosul que o líder do grupo Abu Bakr al-Baghdadi proclamou o estabelecimento do califado na Síria e no Iraque.
É ainda onde o grupo concentrou os maiores campos de treinamento e onde arrecada mais dinheiro por meio de impostos e taxas recolhidos da população. Perder Mosul, portanto, será um duro golpe na habilidade de o EI se organizar.
De acordo com números atuais da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), o Iraque tem hoje uma população internamente deslocada de 3,3 milhões de pessoas e ao menos 238 mil buscaram refúgio em países vizinhos em razão da violência que assola o país.
Em Mosul, novo palco da ofensiva contra o EI, ao menos 1,5 milhão de pessoas encontram-se no fogo cruzado e entidades humanitárias temem que um novo capítulo dessa crise humanitária comece a se desenrolar.
A ONU informou que está se preparando para as consequências que virão com o fim da campanha. Nos últimos dias, o exército iraquiano lançou sobre a cidade folhetos nos quais orientava os civis que permanecessem em suas casas enquanto a operação estivesse em curso.
Para Conselho Norueguês de Refugiados, organização humanitária independente que está atuando no Iraque, os civis em Mosul estão “em grave perigo”. A entidade informou que os campos de emergência localizados nos arredores de Mosul possam acomodar 60 mil pessoas. Entretanto, estima que ao menos 200 mil tentem deixar a cidade nos próximos dias.
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