Membros do Estado Islâmico: campo de refugiados palestino Yarmouk está em mãos de insurgentes (AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2015 às 17h15.
Beirute - Combatentes do Estado Islâmico tomaram um campo de refugiados palestino nos arredores da capital síria, Damasco, nesta quarta-feira, aproximando-se do reduto do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Um outro grupo, ligado à Al Qaeda, declarou que a sharia, a lei islâmica, irá governar uma cidade ocupada pelos rebeldes no norte da Síria.
Embora sem relação, os acontecimentos mostraram a predominância dos jihadistas em uma guerra que entra em seu quinto ano e o risco que representam para Assad, mesmo que ele pareça no controle de Damasco e de outras áreas populosas do oeste sírio.
O campo de refugiados palestino Yarmouk, que fica a alguns quilômetros do coração da capital e abriga milhares de pessoas, está em mãos de insurgentes e vem sendo assediado por forças do governo desde os primeiros dias do conflito iniciado em 2011.
Refletindo a maneira como o Estado Islâmico cresceu em todas as outras partes da Síria, seus combatentes assumiram o controle de áreas do campo de outros insurgentes, ajudados por rebeldes da adversária Frente Al-Nusra, ligada à Al Qaeda, que trocaram de lado, disse um ativista político na região.
“Eles abriram caminho pela área de Hajar Aswad, e os combatentes da Nusra se juntaram a eles, juraram lealdade ao Daesh”, relatou, mencionando o nome árabe do Estado Islâmico usado por seus oponentes.
Anwar Abdel Hadi, o representante da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Damasco, declarou: “O (Estado Islâmico) entrou em Yarmouk hoje. Há embates entre os militantes no momento”.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado em Londres, afirmou que o Estado Islâmico controlou algumas das principais ruas do campo devastado. Autoridades do governo não foram encontradas para comentar.
Yarmouk era o lar de meio milhão de refugiados palestinos antes da irrupção da guerra civil na Síria em 2011. Sua população atual é de cerca de 18 mil pessoas, de acordo com uma estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU).
Hassan Hassan, analista e autor de um livro sobre o Estado Islâmico, disse que o grupo desejava há tempos se estabelecer perto da capital, mas que é improvável que consiga atacá-la.
“O regime montou pontos de verificação e uma infraestrutura fortes para evitar que quaisquer forças entrem em Damasco. Mas eles estão chegando mais perto”, afirmou o analista.
O Estado Islâmico vem tentando se expandir em regiões do oeste da Síria distantes de seus bastiões, do outro lado do país, onde enfrentou uma campanha de ataques aéreos dos Estados Unidos e de nações árabes aliadas.
As iniciativas recentes do Estado Islâmico se concentraram em áreas sob domínio governamental que não são alvo da ofensiva aérea. Tais ataques parecem estar ganhando fôlego.
Seus combatentes mataram 45 pessoas, incluindo famílias inteiras, e chegaram a atear fogo em algumas delas, um massacre ocorrido de segunda para terça-feira no vilarejo de Mabouja, que fica a 60 quilômetros da cidade de Hama e está sob controle do governo, relatou o Observatório.
O líder da Frente Al-Nusra, Abu Mohamad al-Golani, indicou nesta quarta-feira que Idlib, cidade tomada por grupos que incluem o radical Ahrar al-Sham, será administrada de acordo com a lei islâmica.
“Saudamos o povo de Idlib e sua resistência com seus filhos, os mujahideen (guerreiros)... e se Deus quiser irão desfrutar da justiça da sharia, que irá preservar sua religião e seu sangue”, declarou Golani em uma gravação de áudio publicada na Internet.