Donald Trump: o republicano perde para Biden nas pesquisas nacionais, enquanto tenta virar nos estados decisivos (Carlos Barria/Reuters)
Carolina Riveira
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 14h54.
Última atualização em 17 de outubro de 2020 às 02h37.
Desde Bill Clinton em 1996, um candidato do Partido Democrata não vence uma eleição no Arizona, estado de pouco mais de 7 milhões de habitantes. A história ganhou reviravoltas e pode mudar neste ano, na disputa entre o democrata Joe Biden e o presidente Donald Trump nas eleições americanas em 3 de novembro.
Nova pesquisa da parceria Exame/IDEIA feita com eleitores no Arizona mostra Biden ligeiramente à frente, com 2 pontos percentuais de vantagem (48% dos votos, ante 46% de Trump). Os dois estão empatados pela margem de erro, no que deve ser uma das eleições mais acirradas dos EUA nas últimas décadas.
Nesta reta final da eleição no Arizona, a briga será pelos indecisos, que representam 6% do total. Para Trump, a boa notícia é que há mais indecisos entre os homens, brancos e que vivem na zona rural, grupos que apoiam mais o presidente, segundo a pesquisa. Ainda assim, também há milhares de votos valiosos entre eleitores negros, latinos e de zonas urbanas, que apoiam mais Biden.
A pesquisa foi feita com eleitores do Arizona pelo Exame/IDEIA, que une EXAME Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. Foram ouvidos 1.000 eleitores por telefone nesta semana, e a margem de erro é de 3,35 pontos percentuais.
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Para Mauricio Moura, fundador do IDEIA e pesquisador na Universidade George Washington, um ponto relevante da pesquisa é como a resposta de Trump à pandemia é rejeitada mesmo por parte dos eleitores que pretendem votar nele. Ainda assim, para parte do eleitorado, esse fator não foi suficiente para levar a mudanças de voto.
Os resultados foram apresentados no episódio semanal do podcast EXAME POLÍTICA -- Temporada Eleições Americanas, disponível todas as sextas-feiras (ouça a íntegra no fim da reportagem).
O Arizona é também um dos cinco estados americanos com mais votos de latinos, grupo no qual a rejeição a Trump tem crescido. Dentre esse grupo, ele perde por 64% a 33%.
A demografia do Arizona tem favorecido mais os democratas já nos últimos anos. Em 2018, o Arizona elegeu sua primeira senadora mulher, a democrata Kyrsten Sinema, de 44 anos.
Sinema já havia sido eleita deputada no estado, e se tornou também a segunda mulher LGBT a ser eleita para o Congresso -- embora, desde então, tenha protagonizado desavenças com o Partido Democrata por apoiar parte das medidas de Trump.
Além do Arizona, Moura aponta que outros três estados serão os grandes responsáveis pelo desempate na eleição: Flórida, Ohio e Pensilvânia. A parceria EXAME/IDEIA lançará pesquisa para esses dois últimos estados nas próximas semanas.
Trump ganhou em todos os estados decisivos em 2016, quando quase nenhuma pesquisa previu de forma clara sua vantagem. Desta vez, a disputa caminha para ser ainda mais apertada.
O vencedor na eleição americana precisa de 270 dos 538 votos do colégio eleitoral. Se a eleição fosse hoje, Biden venceria com 277 votos, segundo a média das pesquisas.
No panorama nacional, que inclui todos os votos independentemente do estado, Biden está nove pontos à frente de Trump na média, e vem crescendo nas últimas semanas. Para Moura, esse aumento é "um indicador positivo para Biden".
Cada estado tem uma quantidade de votos, mas os mais importantes são os estados que não são tradicionalmente republicanos nem democratas, que costumam ser os responsáveis por desempatar a eleição.