Ri Chun-hee: âncora da televisão estatal da Coreia do Norte faz anúncio de explosão de bomba de hidrogênio (KCNA/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 5 de setembro de 2017 às 12h20.
São Paulo – Sempre que a Coreia do Norte tem uma grande notícia, é uma senhora que aparece nas telas do país para anunciá-la vestindo trajes típicos do país. Sua última aparição, inclusive, aconteceu no último final de semana, quando ela trouxe novidades sobre a detonação nada desprezível de uma bomba de hidrogênio.
“Aconteceu um evento mundial surpreendente que ficará registrado na história nacional”, dizia em tom festivo a mulher sobre a explosão da arma nuclear. Na ocasião, a âncora vestia rosa pink e estava com os cabelos pretos impecavelmente no lugar.
A pessoa em questão se chama Ri Chun-hee e ela vem sendo alçada ao posto de “âncora do apocalipse”, já que suas aparições nos últimos anos estão especialmente centradas nos avanços de perigoso programa nuclear da Coreia do Norte.
Nascida em 1943, Ri primeiro apareceu na televisão estatal em 1971 com o apoio do então líder Kim Il-Sung e se tornou um dos rostos mais famosos do país. De acordo com uma revista norte-coreana, cujas informações foram traduzidas pela agência Reuters, ela vive na capital Pyongyang com o marido, filhos e netos.
Ri é uma peça-chave na máquina de propaganda do regime, que usa a TV estatal para disseminar conteúdos para a população, que vive isolada graças às restrições de comunicação com o resto do mundo. Em solo norte-coreano, lembra a Reuters, não é possível mudar o canal, por exemplo. Inexiste a diversidade de informações.
E é por meio dessa mesma rede que o regime vocifera seus ataques e provocações contra a Coreia do Sul, os Estados Unidos e a ONU, fazendo dela uma estratégia para fortalecer o governo e garantir que os norte-coreanos se mantenham sob controle.
A crise nucelar com a Coreia do Norte é um desafio antigo no mundo, uma vez que seu programa de desenvolvimento nuclear e de mísseis tenha se iniciado na década de 70. Tal programa sempre serviu como uma moeda de troca do regime ante a comunidade internacional.
Com a ascensão de Kim Jong-un ao poder em 2014, no entanto, a tensão se escalou e o país aumentou a frequência de seus testes nucleares e balísticos. O último deles, a detonação de uma bomba h, voltou a efervescer o clima na Península da Coreia.
O país já é alvo de sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU, que foram endurecidas depois dos acontecimentos do último domingo. Resta saber se elas serão suficientes para convencer Kim a suspender o programa e amenizar o tom das ameaças.