No Exército, Ollanta Humala liderou uma revolta fracassada contra Alberto Fujimori em 2000. Ele também criticou sua rival, Keiko Fujimori, por ter trabalhado no governo de seu pai (Pilar Olivares e Mariana Bazo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2011 às 10h47.
Lima - O militar reformado Ollanta Humala venceu a eleição presidencial no Peru e lançou um tom conciliatório, prometendo que os pobres participarão do boom econômico do país, enquanto investidores e opositores temem que o esquerdista vá arruinar o sucesso recente do país na economia.
Humala declarou vitória no domingo à noite quando resultados da apuração de 87,8 por cento dos votos apontavam uma estreita -- mas crescente -- vantagem de 2,5 pontos porcentual sobre a deputada direitista Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso.
Pesquisas de boca-de-urna e contagens rápidas dos votos mostraram Humala claramente à frente. A previsão é que sua margem de votos aumente à medida que sejam computadas mais cédulas de áreas pobres e rurais.
"Queremos instalar um governo de unidade nacional", disse Humala, de 48 anos, a milhares de partidários que o saudavam, depois de uma campanha eleitoral disputada, que fez ressurgir duras recordações do caótico passado político do Peru.
Uma das economias que mais cresceram no mundo na última década, o Peru é um grande exportador de metais, mas um terço de sua população está mergulhada na pobreza. Humala fez campanha prometendo distribuir mais a nova riqueza do país.
"Queremos crescimento econômico com inclusão social", disse ele em uma concentração no centro de Lima, que se estendeu pelas primeiras horas da madrugada desta segunda-feira. "Nós podemos construir um Peru mais justo para todo mundo", declarou aos partidários que agitavam a bandeira vermelha e branca do Peru e faixas nas cores do arco-íris, símbolo dos indígenas.
Algumas pessoas dançavam, eufóricas, e outras gritavam "Humala Presidente! e "Fujimori nunca mais".
Humala perdeu por pequena margem a eleição presidencial de 2006. Depois disso, suavizou suas propostas políticas, que eram mais radicalmente anticapitalistas, para tentar obter os votos dos eleitores mais centristas.
Mas os investidores ainda temem que ele vá aumentar o controle estatal da economia e abandonar a disciplina fiscal. O mercado de ações peruano e a moeda do país, o sol caíram à medida que Humala subia nas pesquisas e a previsão é de forte queda nesta segunda-feira.
Humala promete governar com um orçamento equilibrado, incluir tecnocratas experientes no governo e respeitar os investidores estrangeiros que planejam investir na próxima década 40 bilhões de dólares em projetos petrolíferos e de mineração no Peru.
Ele também prometeu dar aos pobres uma maior fatia dos recursos naturais do Peru.
"É o fim do tradicional poderoso empresário de direita", afirmou Cesar Lecca, um acadêmico que considera que Humala amadureceu.
Líderes empresariais temem que Humala ponha em perigo o recente sucesso econômico do país por meio de políticas intervencionistas, aumento dos gastos sociais e renegue acordos de livre comércio.
Keiko Fujimori, de 36 anos, era a favorita dos investidores, mas muitos eleitores votaram contra ela porque seu pai está cumprindo pena de 25 anos de prisão por corrupção e por recorrer a esquadrões da morte para reprimir suspeitos de esquerdismo no período em que foi presidente, nos anos 1990.
Quando era integrante do Exército, Humala liderou uma revolta fracassada contra Fujimori, em 2000. Ele criticou sua rival, durante a campanha, por ter trabalhado no governo autoritário de seu pai.