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Esquerda francesa denuncia que nomeação de premiê conservador “é um roubo eleitoral”

Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira a indicação de Michel Barnier para o cargo que estava vago há dois meses

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 5 de setembro de 2024 às 10h37.

Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 10h41.

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O líder esquerdista Jean-Luc Mélenchon, fundador do partido A França Insubmissa (LFI), atacou duramente o presidente francês, Emmanuel Macron, por nomear o conservador Michel Barnier como primeiro-ministro, e o acusou de roubar as eleições.

“É um roubo eleitoral”, disse Mélenchon, depois de ter lembrado que Barnier vem de um partido, Os Republicanos, que ficou em último lugar entre as grandes legendas políticas francesas nas eleições legislativas de julho, nas quais este partido de direita conquistou 47 deputados de um total de 577 da Assembleia Nacional.

“Não tem nada a ver com o resultado das eleições”, argumentou o fundador do LFI em um pronunciamento em vídeo minutos após o anúncio, acrescentando que não acredita nem por um momento que Barnier alcance uma maioria na Assembleia Nacional para apoiar "tal negação da democracia".

Além disso, criticou duramente o fato de Barnier ter sido nomeado “com a permissão e talvez a sugestão” da líder da extrema-direita Marine Le Pen, apesar do esforço para conter seu avanço nas últimas eleições.

“É a negação da vontade do povo francês”, frisou Mélenchon.

Por todas estas razões, o líder de esquerda fez um apelo aos franceses para saírem às ruas no próximo sábado – data na qual o LFI já tinha convocado uma grande manifestação para exigir que Macron nomeasse um primeiro-ministro de esquerda – para defender a democracia.

"Crise de regime", alerta o partido socialista

Os demais partidos de esquerda, que participaram nas eleições legislativas de julho unidos na coligação Nova Frente Popular (NFP), também foram extremamente críticos em relação à nomeação de Barnier.

O líder do Partido Comunista francês, Fabien Roussel, classificou a nomeação como "um gesto de banana" para os franceses, enquanto sua homóloga dos Ecologistas, Marine Tondelier, a definiu como “um escândalo".

Até mesmo o Partido Socialista, que costuma ser a força mais comedida dentro da NFP, falou de uma “negação da democracia levada ao seu máximo apogeu”.

“Estamos entrando em uma crise de regime”, afirmou o primeiro secretário socialista, Olivier Faure, em sua conta na rede social X.

Além disso, Faure lembrou que o partido de Barnier nem sequer participou do cordão sanitário para tentar conter o que parecia ser uma vitória certa do ultradireitista Reagrupamento Nacional.

Até o momento, a NFP não fez comentários após o anúncio de Barnier sobre possíveis moções de censura, embora a posição da coligação de esquerda já estivesse clara nos últimos dias, depois de ter afirmado repetidamente que não daria seu apoio a qualquer premiê que fosse não a candidata de consenso apresentada por eles, Lucie Castets.

Macron, no entanto, rejeitou essa opção, por considerar que não garantia a estabilidade, uma vez que seria censurada pelos demais blocos da Assembleia sem que os 193 deputados da coligação de esquerda - que se tornou a maior força depois das eleições de julho - fossem capazes de evitar esse cenário.

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