Fila em uma agência de empregos do governo em Madri (AFP/Dominique Faget)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Madri - O desemprego na Espanha voltou a cair em maio pelo segundo mês seguido, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo governo socialista, que anunciou que aprovará a reforma trabalhista em 16 de junho, depois de adotar um duro plano de ajuste para reduzir o déficit.
A Espanha registrou em maio 76.223 desempregados a menos que em abril (-1,84%), a segunda queda mensal consecutiva desse indicador, com um total de 4,066 milhões de pessoas sem trabalho, anunciou o ministério espanhol de Trabalho, em um momento em que a economia começa a sair da recessão.
"É um dado promissor e uma boa reforma trabalhista contribuirá para que se mantenha e se aprofunde", declarou o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero.
Zapatero anunciou que o executivo socialista aprovará a reforma do mercado de trabalho em 16 de junho "no Conselho de Ministros, existindo ou não acordo" com sindicatos e empresários.
O executivo, os sindicatos e as organizações empresariais negociam essa reforma, exigida pelos mercados, e há meses não chegam a um acordo.
Zapatero, que admitiu que "o acordo não é nada fácil de conseguir", afirmou que "o governo já definiu o conteúdo de uma reforma trabalhista que vai afetar aspectos essenciais de nosso mercado de trabalho".
Além disso, "esse é um momento extraordinariamente oportuno, porque os dados de emprego evoluíram favoravelmente", completou.
A taxa de desemprego alcançou 20,05% no primeiro trimestre do ano, segundo cifras do Instituto Nacional de Estatísticas (INE). A Espanha é o país com mais desemprego entre os 16 membros da zona do euro, onde a média é de 10%.
A recessão que atingiu a Espanha no fim de 2008, arrastada pela crise econômica mundial, levou a um aumento espetacular do número de desempregados, que historicamente já era mais alto que a média europeia.
A taxa passou de 8% antes da crise para os atuais 20%, mais que o dobro, e o governo socialista elevou na semana passada sua previsão para este ano, que passou de 19% para 19,4% da população ativa, e para os anos seguintes, o executivo espera uma lenta melhora para até 16,2% em 2013.
O desemprego afetou mais fortemente os imigrantes na Espanha, entre os quais a taxa disparou para até 30,79% no primeiro trimestre do ano, segundo o INE.
A reforma trabalhista faz parte de uma série de duras medidas de ajuste adotada na semana passada pelo governo, pressionado pelos mercados e por seus sócios europeus, para cortar o déficit público, que disparou para 11,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado.
Uma das medidas, o corte de 5% no salário dos funcionários públicos, levou à convocação de uma greve parcial em 8 de junho pelos sindicatos, que advertiram que se não houver acordo para a reforma, convocarão uma greve geral.
A economia começou a sair da recessão - depois da maioria dos países europeus - com um crescimento de 0,1% do PIB no primeiro trimestre do ano na comparação com o trimestre anterior.
Esse dado "mostra que a economia quer crescer; crescemos no primeiro trimestre e devemos crescer no segundo, apesar das dificuldades dos mercados financeiros, que necessitam de uma resposta de confiança para eliminar essa intranquilidade", disse Zapatero nesta quarta-feira.
O Banco da Espanha, o banco central do páis, indicou nesta semana que a economia espanhola continua mostrando sinais de recuperação em abril, apesar de ainda haver incertezas.
No entanto, o executivo prevê para este ano uma retração de 0,3% do PIB.