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Espanha, em recessão, espera dividendos da vitória na Copa

Governo espera que título mundial estimule um aumento do consumo e o crescimento do PIB

A ministra da Economia da Espanha, Elena Salgado (AFP/Georges Gobet)

A ministra da Economia da Espanha, Elena Salgado (AFP/Georges Gobet)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Madri- A Espanha, em plena recessão, espera receber os dividendos de sua vitória na Copa do Mundo, mas, apesar da euforia reinante, o desemprego bate recordes e o crescimento é negativo.

"Conquistar uma Copa é uma prova de que quando nos propomos algo conseguimos, e que, além disso, crescemos mesmo com dificuldades. Tudo isso é bom para a confiança em nosso país dentro e fora", assegurou nesta segunda-feira a ministra da Economia do governo socialista, Elena Salgado.

O ministro espanhol da Indústria, Miguel Sebastián, havia indicado na quinta-feira que seria preciso revisar para cima o PIB (Produto Interno Bruto) espanhol para 2010 em caso de vitória da "Roja". O governo aposta no momento em uma contração da atividade econômica de 0,3% em relação a 2009.

Atingida pelo estouro da bolha imobiliária em 2008 conjugada com a crise financeira internacional, a Espanha tem dificuldades para sair da recessão, com uma modesta alta do PIB de 0,1% no primeiro trimestre de 2010.

O índice de desemprego chega a 20%, recorde da zona do euro, o déficit atinge 11,2% do PIB e os analistas consideram que o país enfrenta vários desafios para sair da crise: reformar seu mercado de trabalho e seu sistema bancário, além de conter os gastos públicos.

Mas a vitória poderá aliviar temporariamente os males espanhóis, por exemplo, graças a um impulso no consumo das famílias.

A conquista "pode ajudar o consumo", considera Josep-Maria Sayeras, economista do Esade, advertindo ao mesmo tempo que, de qualquer forma, "há muitas nuvens no horizonte".

"Quando uma sociedade está feliz, isso sempre se reflete no consumo", declarou à AFP Miguel Angel Fraile, secretário-geral da Confederação Espanhola de Comércio, que reúne cerca de 450.000 comerciantes varejistas.

"Certamente o consumo vai aumentar. Não sabemos em que medida", acrescentou.


Um estudo do banco ABN Amro realizado em ocasião da Copa de 2006 indicava um aumento de 0,7% no crescimento projetado para o campeão, um índice que parece ambicioso demais para vários economistas.

Um elemento que poderá frear o entusiasmo dos consumidores é que o endividamento privado espanhol já é elevado, de 178% do PIB, e que o desemprego deverá limitar o consumo.

De acordo com um estudo da consultoria Nielsen, a confiança dos consumidores alcançou no segundo trimestre do ano um nível de queda recorde.

Um setor econômico que poderá aproveitar o efeito do Mundial é o do turismo, que contribui com 10% do PIB. A Espanha é o terceiro destino turístico atrás de França e Estados Unidos.

"É muito positivo para o turismo", declarou à AFP Marcio Favilla, diretor executivo da Organização Mundial do Turismo (OMT), com sede em Madri.

"Na promoção turística, a imagem positiva é muito importante", explica Favila, acrescentando que cidades como Barcelona e Madri, que abrigam as duas maiores equipes do país, devem "capitalizar a vitória o mais rápido possível".

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