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Espanha pede ao Parlamento catalão outro nome para presidência

Novo nome deve substituir o do líder independentista Carles Puigdemont, impedido de voltar a Espanha pelo risco de ser preso

Carles Puigdemont era o único candidato na sessão de posse programada para a última terça-feira (Ivan Alvarado/Reuters)

Carles Puigdemont era o único candidato na sessão de posse programada para a última terça-feira (Ivan Alvarado/Reuters)

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AFP

Publicado em 31 de janeiro de 2018 às 11h25.

A vice-primeira-ministra espanhola Soraya Sáenz de Santamaría pediu nesta quarta-feira ao Parlamento da Catalunha que procure um nome diferente como candidato à presidência regional em substituição ao do líder independentista Carles Puigdemont, impedido de voltar a Espanha pelo risco de ser preso.

Destituído por Madri da presidência catalã em outubro, Puigdemont era o único candidato na sessão de posse programada para terça-feira, mas que foi adiada pelo presidente da câmara regional ante os obstáculos jurídicos para sua nomeação.

Sáenz de Santamaría, que coordena a questão catalã no governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy, pediu ao presidente do Parlamento, o também independentista Roger Torrent, que descarte o nome de Puigdemont e procure uma alternativa.

"Acredito que o senhor Torrent tem que abrir uma rodada de contatos (com os partidos políticos) para salvar a situação provocada pelo senhor Puigdemont", disse a vice-premier espanhola.

Com a promessa de retomar o governo destituído após a frustrada declaração de independência na Catalunha, o partido de Puigdemont venceu as eleições de 21 de dezembro ao lado dos partidos independentistas que, em conjunto, conquistaram a maioria absoluta do Parlamento regional com 70 cadeiras de um total de 135.

No momento, Puigdemont é candidato único para presidir a região, apesar de estar na Bélgica e da decisão do Tribunal Constitucional de que só pode ser escolhido de forma presencial e com uma autorização do juiz que o acusa por supostos delitos de rebelião e sedição.

Torrent apresentou alegações contra a decisão judicial e adiou a sessão de posse para tentar superar os obstáculos jurídicos, mas anunciou que o líder independentista prossegue como candidato porque, segundo ele, tem todo o direito ser presidente por ter sido eleito como deputado.

"Não posso acreditar que entre os mais de 100 deputados da câmara não exista ninguém que possa recuperar o caminho do diálogo e do consenso", protestou Sáenz de Santamaría.

Em tese, o Parlamento regional tinha até esta quarta-feira 31 de janeiro para tentar dar posse a um candidato, mas, ao adiar a sessão por questões jurídicas, o prazo ficaria congelado, de acordo com fontes parlamentares.

Se o bloqueio prosseguir, novas eleições podem ser convocadas na região.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Puigdemont lamentou a decisão e acusou o Estado espanhol de fazer "a chantagem de obrigar a escolher um presidente e um governo [regionais] que o agrade".

E pediu respeito ao presidente do Parlamento e unidade nas fileiras separatistas, deixando claro que não pretende jogar a toalha.

Além do mais, a situação evidencia uma certa divisão dos separatistas da Catalunha.

O adiamento da sessão reabriu as feridas entre os dois grandes grupos separatistas, o Juntos pela Catalunha e o Esquerda Republicana da Catalunha de Torrent, mergulhados há anos em uma luta pela hegemonia nacionalista.

Os primeiros, com 34 deputados de um total de 135, apostam em manter o confronto político com Madri, empossando Puigdemont, ainda que à distância, enquanto a ERC, com 32 deputados, pede para reduzir a marcha e buscar objetivos realistas.

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