Atentado: em 17 de agosto, um homem avançou em alta velocidade com uma van pela avenida de Las Ramblas (Ana Jimenez/La Vanguardia/Reuters)
AFP
Publicado em 31 de agosto de 2017 às 12h02.
Última atualização em 31 de agosto de 2017 às 12h04.
A Espanha recebeu em maio passado um alerta sobre um possível atentado nas Ramblas de Barcelona, onde um ataque extremista deixou 16 mortos em 17 de agosto, mas concedeu "baixa credibilidade" ao aviso - informaram autoridades regionais da Catalunha.
O secretário de Interior regional, Joaquim Forn, e o chefe de Polícia da Catalunha, Josep Lluís Trapero, admitiram que receberam um alerta, mas negaram que a advertência tenha sido feita pelos Estados Unidos, como informou o jornal "El Periódico", da Catalunha.
Segundo o veículo, que publica um fac-símile de uma mensagem em inglês, o Centro Nacional de Contraterrorismo (NCTC) americano, que reúne, entre outros, CIA e FBI, transmitiu a advertência ao Centro Nacional de Inteligência (CNI) espanhol e às Polícias nacional e catalã.
"Informações não confirmadas de veracidade desconhecida do fim de maio de 2017 indicavam que o Estado Islâmico do Iraque e ash-Sham (ISIS) estava planejando executar ataques terroristas não especificados durante o verão contra locais turísticos muito movimentados em Barcelona, Espanha, especificamente na avenida La Rambla", afirma o texto que o jornal atribui ao NCTC.
O texto não é o original, e sim uma transcrição, reconheceu o editor do jornal, Enric Hernández, o que explicaria alguns problemas de ortografia em inglês.
"O documento é uma montagem. O aviso de um possível atentado no verão em pontos como Las Ramblas chegou de outras fontes", disse Forn.
O chefe de Polícia da Catalunha confirmou ter recebido o aviso em 25 de maio, mas destacou que não procedia "nem da CIA, nem do NCTC". Ele não revelou a origem.
Depois de analisar a informação e de colocar o governo espanhol a par, concluímos que "o aviso tinha pequena credibilidade", insistiu Forn.
Além disso, afirmou o secretário, o alerta não teria relação com a célula extremista que executou o ataque, cujo plano inicial não contemplava atacar a avenida central, e sim colocar explosivos em monumentos simbólicos da Catalunha.
"Não há, de forma alguma, qualquer vínculo entre esta informação e os atentados do dia 17 de agosto", insistiu Forn.
Procurado pela AFP, um porta-voz do CNI se recusou "a confirmar, ou a desmentir, as comunicações com outros serviços de Inteligência". O Ministério espanhol do Interior não respondeu até o momento as perguntas da AFP.
A rádio Cadena SER citou "fontes da luta antiterrorista", segundo as quais o documento divulgado pelo "El Periódico" seria autêntico.
Em 17 de agosto, um jovem marroquino residente na Espanha avançou em alta velocidade com uma van pela avenida de Las Ramblas. O atentado deixou 14 mortos e mais de 120 feridos.
No total, ele e seus cúmplices de uma célula extremista provocaram 16 mortes em Barcelona e em Cambrils, uma cidade turística da Catalunha. Esses ataques foram reivindicados pelo grupo Estado Islâmico (EI).