Pessoas participam de um funeral em homenagem às vítimas do acidente de trem que matou 79 pessoas, na Catedral de Santiago de Compostela (Miguel Vidal/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2013 às 17h51.
Santiago de Compostela - Os espanhóis participaram nesta segunda-feira de uma missa em homenagem às 79 pessoas que morreram no pior desastre ferroviário do país em décadas, enquanto investigadores se preparavam para analisar informações da "caixa-preta" do trem.
O maquinista Francisco Garzón, de 52 anos, foi acusado de 79 crimes de homicídio por negligência e liberado até o julgamento, depois que um juiz determinou que ele não apresentava risco de fuga.
O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, e o príncipe Felipe estavam na missa desta segunda-feira na catedral de Santiago de Compostela, local de um santuário religioso, no noroeste da Espanha, onde o trem de alta velocidade descarrilou na semana passada depois de passar por uma curva rápido demais.
Investigadores devem começar a analisar os dados do dispositivo de gravação de dados do trem na terça-feira para tentar determinar como Garzón excedeu os limites de velocidade, apesar de um sistema de controle que deveria forçá-lo a desacelerar, disse uma fonte judicial à Reuters.
O príncipe Felipe, sua mulher, Letizia, a infanta Elena, Rajoy, membros do gabinete e líderes regionais estavam na parte da frente da catedral ao lado de muitas famílias das vítimas e de membros dos serviços de emergência. Dezenas de simpatizantes reuniram-se na parte de trás da catedral e na Plaza del Obradoiro, no lado de fora.
"Desde o primeiro momento, as famílias que perderam seus entes queridos estão em nossos corações e nos corações da Galícia e da Espanha", disse o arcebispo Julian Barrio em sua homilia, acrescentando que as famílias afetadas por um acidente de ônibus na Itália no domingo também estavam em suas preces.
Após a missa, Felipe, o arcebispo e líderes políticos passaram entre os enlutados para oferecer condolências individuais para as famílias das vítimas. Sessenta e nove pessoas permaneciam internadas nesta segunda-feira, sendo 22 em estado grave.
O trem de alta velocidade descarrilou e pegou fogo depois de bater em uma parede de concreto ao chegar a Santiago de Compostela, na região da Galícia. O impacto foi tão forte que um dos oito vagões foi jogado vários metros sobre um aterro.
O juiz que cuida do caso, Luis Alaez, interrogou Garzón em uma audiência de duas horas a portas fechadas no domingo. A imprensa local afirmou que o maquinista admitiu ter entrado na curva muito rápido, dizendo que teve um lapso momentâneo e esqueceu em que parte dos trilhos estava.
Ainda assim, os pesquisadores investigam se o sistema de segurança do trem também era culpado.
O desastre aconteceu a poucos quilômetros da estação de Santiago de Compostela, em uma parte dos trilhos onde cabe ao maquinista prestar atenção aos sinais automáticos na cabine para diminuir a 80 quilômetros por hora, depois de sair de um trecho em que a velocidade pode chegar a até 200 quilômetros por hora.
O juiz ordenou que Garzón entregue seu passaporte e se apresente semanalmente no tribunal.
O trem Alvia envolvido no acidente, um dos três tipos que a Espanha usa para o serviço ferroviário de alta velocidade, recebeu uma verificação de manutenção completa na manhã da viagem, disse o chefe da empresa ferroviária Renfe, e os sistemas de segurança estavam em boas condições.
Os trens Alvia rodam tanto em ferrovias tradicionais, onde os maquinistas recebem sinais de alerta para reduzir a velocidade, e em trilhos de alta velocidade, onde um sistema de segurança mais sofisticado diminui automaticamente os trens que estão indo rápido demais.