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Escuta mostra Cristina Kirchner cobrando pressão sobre juízes

A conversa, divulgada por uma emissora de televisão, teria sido realizada entre a então presidente e o ex-diretor da Agência Federal de Inteligência

Cristina Kirchner: conversas com ex-diretor foram gravadas porque ele estava sendo investigado (Jeff Zelevansky/Getty Images)

Cristina Kirchner: conversas com ex-diretor foram gravadas porque ele estava sendo investigado (Jeff Zelevansky/Getty Images)

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EFE

Publicado em 13 de março de 2017 às 07h45.

Buenos Aires - Uma emissora de televisão da Argentina divulgou neste domingo novas escutas de uma conversa entre a ex-presidente Cristina Kirchner e o ex-diretor da Agência Federal de Inteligência (AFI), Oscar Parrilli, na qual supostamente ela lhe ordena a "apertar os juízes".

Esta conversa telefônica, supostamente realizada em julho de 2016, foi divulgada em um programa da "America TV", e, da mesma forma que em outras polêmicas escutas divulgadas em janeiro deste ano, a ex-presidente e o ex-chefe de inteligência falam em tom coloquial sobre as causas judiciais abertas contra o polêmico ex-espião Jaime Stiuso.

"Quem são os juízes federais que têm a causa deste cara?", pergunta Cristina a seu interlocutor sobre as investigações sobre Stiuso, ex-diretor de operações dos Serviços de Inteligência argentinos, afastado de seu cargo durante o último mandato kirchnerista, em dezembro de 2014.

Após Parrilli citar o nome de vários magistrados, a viúva do também ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), alvo de várias investigações, algumas por corrupção, se mostra taxativa.

"É preciso sair para apertar os juízes", declara a ex-presidente, que após o primeiro vazamento denunciou penalmente um plano de "espionagem política e perseguição" contra ela.

Na conversa divulgada em janeiro se escutava Cristina falar com o chefe da AFI entre 2014 e 2015 e criticar duramente Stiuso depois que, em entrevista, o ex-espião assegurou que ela e Néstor tiveram durante seus governos "serviços paralelos" com pessoas que "armavam seus próprios tapetões (judiciais)".

"É preciso matar esse menino. É um sem-vergonha. (...) Como que os Kirchner tinham serviços paralelos? E ele nunca denunciou isso? (...) Contra quem armamos tapetões?", dizia a ex-presidente na conversa vazada.

No áudio divulgado hoje, ao mesmo tempo em que ambos organizam sua defesa midiática e judicial, é possível escutar a ex-presidente definir Stiuso como "um personagem desagregável que está manejando muita porcaria" e lhe acusa de "estar com (Mauricio) Macri", em referência ao atual presidente.

"Este homem entra e sai do país, tem oito denúncias e nenhum juiz ou promotor o requer. Me parece que o que tem os tapetões armados é ele", acrescenta.

Stiuso colaborava estreitamente com o promotor especial da causa do atentado contra a associação judaica Amia em 1994 - que deixou 85 mortos e segue impune -, o falecido Alberto Nisman, cuja morte, em janeiro de 2015, ainda não foi esclarecida.

Nisman morreu quatro dias após denunciar Cristina pelo suposto acobertamento, através de um memorando assinado com o Irã, dos iranianos suspeitos do ataque, em troca, supostamente, de favorecer o comércio com o país persa, algo que a ex-presidente sempre negou.

"Estamos a 22 anos da Amia e este sujeito diz que todos os governos subornaram juízes e ocultaram tudo, e lhe deixam sair do país? (...) Eu quero ver se posso iniciar alguma ação porque o cara diz que mandei matar Nisman. Quero falar da causa Amia. Este cara... estamos todos loucos... como é possível que nem um promotor o convoque?", questiona a ex-presidente.

Estas conversas foram gravadas no marco de uma causa na qual Parrilli é investigado pelo suposto acobertamento do empresário Ibar Pérez Corradi, acusado de ser autor intelectual de um triplo crime relacionado com o tráfico de efedrina.

O primeiro vazamento desembocou no pedido do promotor Guillermo Marijuan - a quem Cristina chama de "anão" no áudio divulgado hoje - para investigar se a ex-presidente incorreu em um "abuso de autoridade", enquanto outra procuradora pediu que se averigue o vazamento das escutas à imprensa.

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