Nicola Sturgeon: a líder considera que May cometeu um "enorme erro de cálculo" ao antecipar as eleições gerais (Shannon Stapleton/Reuters)
EFE
Publicado em 18 de abril de 2017 às 11h37.
Londres - A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, acusou nesta terça-feira a chefe de governo do Reino Unido, Theresa May, de querer impor um "Brexit duro" ao anunciar eleições gerais antecipadas no Reino Unido para 8 de junho.
Em uma declaração publicada no Twitter, a líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, sigla em inglês) pediu aos votantes de sua região que "defendam" a Escócia nas próximas eleições.
Nas últimas semanas, a líder nacionalista iniciou o processo legal para convocar um novo referendo sobre a independência da Escócia por considerar que a região votou em favor da permanência na União Europeia (UE) e porque é contrária a um "Brexit duro", a saída do país do bloco sem acesso ao mercado único europeu.
Com as eleições antecipadas, os conservadores "veem uma oportunidade de situar o Reino Unido ainda mais à direita, forçar um 'Brexit duro' e impor cortes mais profundos", acrescentou a premiê escocesa.
Após sua nota no Twitter, Sturgeon indicou em um comunicado que o anúncio de hoje supõe a mudança política "mais extraordinária" na "história recente" do país, enquanto acusou May de priorizar os interesses de seu partido ao invés dos do país.
"Claramente, ela está apostando que os 'tories' (conservadores) vão ganhar com grande maioria na Inglaterra devido à desordem absoluta que reina no Partido Trabalhista", acrescentou Sturgeon.
"Isto torna ainda mais importante a proteção de Escócia de um partido 'tory' (conservador) que vê agora a oportunidade de controlar o governo durante muitos anos e situar o Reino Unido mais à direita, forçando um 'Brexit duro' e impondo cortes mais profundos nesse processo", frisou a premiê escocesa em sua declaração.
Para a líder do SNP, que tem 54 cadeiras na Câmara dos Comuns, Theresa May cometeu um "enorme erro de cálculo" ao antecipar as eleições gerais, que deveriam acontecer somente em maio de 2020.
"O SNP sempre colocará em primeiro lugar o povo da Escócia, e entre agora e 8 de junho, vamos trabalhar ainda mais duro para manter a confiança do povo", acrescentou Sturgeon, cujo partido é a terceira força na Câmara dos Comuns, atrás dos conservadores e dos trabalhistas.
A premiê da Escócia espera convocar um novo referendo sobre a independência entre o segundo semestre de 2018 e o primeiro de 2019, quando o país terá uma ideia mais clara de como será a futura relação do Reino Unido com o bloco europeu.
No dia 29 de março, May invocou o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, com o qual iniciou as negociações sobre o "Brexit", a saída do Reino Unido da UE.