O vice-presidente americano, Joe Biden (e), e o presidente turco, Recep Tayyp Erdogan (Murad Sezer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2014 às 12h14.
Ancara - O presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, denunciou nesta quarta-feira a impertinência dos Estados Unidos na crise síria, destacando mais uma vez as divergências entre os dois países após a visita do vice-presidente americano Joe Biden.
"Quero que saibam que somos contra a impertinência e as demandas sem fim", disse Erdogan em uma reunião de empresários em Ancara.
Erdogan se referia aos pedidos dos Estados Unidos à Turquia na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI).
"Por que alguém faz uma viagem de 12.000 km para se interessar nesta região?", perguntou Erdogan referindo-se à visita de Biden no fim de semana passado em Ancara.
Apesar das pressões exercidas pelos Estados Unidos, o governo islamita-conservador turco nega-se a intervir militarmente para ajudar as forças curdas que defendem a cidade de Kobane na Síria.
A Turquia também não acatou o pedido dos Estados Unidos de habilitar a base militar de Incirkik (sul) para os aviões americanos que bombardeiam as posições do Estado Islâmico na Síria.
A Turquia considera que estes bombardeios são ineficazes e insiste que a prioridade da estratégia antijihadista é tirar do poder o presidente sírio Bashar al-Assad.
"Os americanos foram simples espectadores quando o tirano Assad massacrou 300.000 pessoas", disse Erdogan.
"Ficaram em silêncio diante da barbárie de Assad e agora brincam com a consciência pesada" da opinião internacional "em torno do destino de Kobane", lamentou Erdogan.
Biden concluiu no domingo uma visita de três dias em Istambul sem conseguir superar de forma notável as divergências da Turquia e dos Estados Unidos sobre o assunto sírio.
No entanto, diferentemente do tom adotado publicamente por Erdogan, um funcionário americano celebrou uma aproximação de posições durante esta visita.